22 de dezembro de 2009

Al otro, el mismo

A você, que esperou que eu desse com a cara no chão, com os burros n´água; atenção, que eu ainda estou de pé, a luz está aqui do meu lado e essa você não tasca.
Estou bem.
Estou tranquilo, estou no meu sofá de onde reino sobre nações.
Estou acima de todas quimeras humanas.
A única coisa que me incomoda é seu reflexo nesse pedaço de vidro; fico me perguntando quando hei de despedaçar esse espelho.

18 de dezembro de 2009

Todos contra o crack

O crack, ou craque: resíduo da produção de cocaína. Hoje o crack pulula nas ruas, as pessoas que fumam crack não conseguem esconder, fissurados sentam nas calçadas; se a gente olha, até esboçam uma reação tímida, um traço de pudor, mas o cachimbo na frente pede mais. Perto de casa mora, na rua, a Maluca, uma mulher que provavelmente não tem 35 anos, mas parece ter 60, sem um dente na boca, que já apareceu grávida umas três vezes pelo menos, a cada vez sumia e reaparecia, onde andarão essas crianças? O olho do fumante de craque não sustenta o nosso olhar, procura os desvãos das calçadas, as frestas nos muros.
Todo mundo tem alguma coisa a ver com o craque.
http://todoscontraocrack.blogspot.com/


8 de dezembro de 2009

Après moi, le déluge

Graças à clemência do prefeito, nossa cidade não sofreu enchente maior ainda. Ergamos as mãos úmidas aos céus!




imagem: ars pauperrima

7 de dezembro de 2009

O Colapso da Realidade

Em alguns lugares, deu pra perceber nitidamente o colapso da realidade que depois sobreveio enfim.


2 de dezembro de 2009

Nem no AI-5, nunca antes neste país...



1470 dias - 4 anos mais uns 10 dias de censura? Ô coitados... saiu na 2ª feira, 30/11, no sítio do Estadão
   será a vitimização uma estratégia de marketing?




26 de novembro de 2009

O Espírito das Mercadorias

A Mercadoria chegou a seu último estágio - ser apenas ideal. A qualidade teológica da mercadoria superou a necessidade de estar associada a alguma coisa - e é vendida, aos montes.
A arte é o maior setor da economia dos EUA.



20 de novembro de 2009

A máquina paródica d´ O Grifo - VI

Percorríamos já por um bom tempo o amplo galpão, ordenado, silencioso, claro e limpo; de longe via pessoas aparentemente fazendo alguma coisa - não fazia idéia do que. O ritmo dos passos tomou o lugar da conversa entre eu e o Grifo; seguíamos em silêncio. Da mesma forma, em silêncio, e com um sorriso no rosto, aproximou-se de repente um senhor amável, de avental, que nos saudou.
- Ah! Chegaram enfim, os dois.
Outros assistentes o seguiam, todos amáveis e sorridentes; a empatia que irradiavam era notável, qualquer um percebia que éramos esperados naquele lugar, o que no fim das contas deu um sentido à caminhada. Sorrimos de volta, mal esboçamos cumprimentos e já nos levavam por um corredor mais estreito, à esquerda no enorme galpão. Ao passarmos por uma porta, alguém virou-se para trás e disse: Não deixem o Borgartem passar. A porta foi fechada.

16 de novembro de 2009

Entre silêncios

Então, houve: isso o que salta à língua solta, suspúrio insapiente de inconsciência, a baba a solta de outros tanto sinais amplificados à volta. Que revoltam a sair de novo, boca a boca.

12 de novembro de 2009

Sumé Pater Patriam

O grandioso Choros 10 de Villa Lobos vai ser tocado se Deus quiser na 3ª feira dia 17 na Rádio Cultura FM (103,3 MHz), 10 da manhã. Também os noturnos para orquestra de Debussy. Vai ser bão.

5 de novembro de 2009

O Analfomegabetizado



O ministério dos doces bárbaros




Nomeie-se o quadrúnivro de astros para os destinos da nação e um abraço, aquele -

quem precisa de press release?




 




30 de outubro de 2009

Ó tempo tuas pirâmides!

Na biblioteca de Babel, Borges imagina o eventual leitor, que percorre os hexágonos, e encontra apenas volumes desconexos, absurdos, isso durante a vida inteira.

asmnxbcvoihj20398nsdfvionwenf09 weorn   sdifjsd09fofhdsipofh okjadsn f sdf ´padsfpkansflkn falknf apskdfnmasdmln asld as zxijocvnhsipodfn adskmf aspidjo324ei9dfnewofinolr sdcv´-poijdnmasfpsionbvdsfvuobew ads sipdfjskj sdpifjn rj´klmzxn c, sdio asfdf adspfnafn f  sdipofnsdlf nfreipo

e assim por diante. Apenas uma vez, em toda sua vida, ocorreu de encontrar um único período, inteligível; e esse período era - ó tempo tuas pirâmides!

8 de outubro de 2009

Idéias simples podem mudar tudo







O texto abaixo é interessante, sobre geração de energia sustentável.
O maior obstáculo não será nem técnico, coisa que aliás nem entendo; o maior obstáculo, e o maior benefício, é que as pessoas deverão se envolver individualmente no processo. 


http://www.fendel.com.br/logias.html

7 de outubro de 2009

Eu quero acreditar



A imprensa amordaçada dos grandes centros não divulga os acontecimentos realmente importantes... o diabo é que esses jornais menores não sabem "esquentar" uma notícia!


6 de outubro de 2009

Meteorológica

Primeiro frio, depois calor;

Primeiro calor, depois frio;

essa é São Paulo,

filial da p...

29 de setembro de 2009

São Miguel Arcanjo








Hoje é dia de orar para São Miguel Arcanjo





São Miguel Arcanjo, defende-nos na batalha; seja nosso protetor contra a maldade e as armadilhas do diabo. Que Deus domine o mal, pedimos em súplica; e a ti também, ó comandante das hostes celestes, pedimos que encerres no inferno a Satã e a outros espíritos malignos, que vagam pelo mundo tentando as almas à perdição, pelo poder de Deus. Amém.





Sancte Michael Archangele,defende nos in proelio; contra nequitiam et insidias diaboli esto praesidium. Imperet illi Deus, supplices deprecamur: tuque, Princeps militiae caelestis,Satanam aliosque spiritus malignos, qui ad perditionem animarum pervagantur in mundo, divina virtute in infernum detrude. Amen.







São Miguel Arcanjo,
protegei-nos no combate,
defendei-nos com o vosso escudo
contra as armadilhas e ciladas do demónio.
Deus o submeta, insistentemente o pedimos;
e vós, Príncipe da milícia celeste,
pelo divino poder,
precipitai no inferno a Satanás
e aos outros espíritos malignos
que andam pelo mundo procurando perder as almas.
Em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo. Ámen.




[Nota: O Papa Leão XIII, durante a celebração de uma missa particular, teve uma visão segundo a qual soube que o Demónio pediu permissão para submeter a Igreja a um período de provações. Deus concedeu-lhe permissão para provar a Igreja por um século (este século). Assim que o Demónio se afastou, Deus chamou Nossa Senhora e São Miguel Arcanjo e lhes disse: "Dou-vos, agora, a incumbência de contrabalançar a obra nefasta do Demónio."O Papa a seguir compôs a oração a São Miguel Arcanjo, ordenando depois que fosse rezada de joelhos, no fim de cada Santa Missa.]



Amigos caríssimos, o fim de uma longa jornada é o começo de outra, ainda maior.






22 de setembro de 2009

Grifo Profeta

Já lá vão uns seis meses, e os senhores, as senhoras, as senhoritas e também as criancinhas, sem falar nos seres inanimados, os elementais e os extra-dimensionais que acompanham essas baboseiras que aparecem por aqui testemunharam os rasgos proféticos do Grifo, no uso de ritos délficos.
Pois se V.Sas. se derem ao trabalho, aliás desagradável, de dar uma lida nos jornais, verão que a profecia anda em caminho de se realizar. Parece que há-de. E eu que duvidei do paquiderme alado.
Vejam a prova do rasgo profético:

http://hypogrifo.blogspot.com/2009/03/fumaca-de-delfos.html

Veremos definitivamente em mais outros seis meses.

O Ãngelo, na bolsa de profetas, afirma que esse candidato já tem nome, aliás dois: José Dirceu.

15 de setembro de 2009

Ars longa

Vou admitir logo que ando meio desligado, e não acompanho as notícias e etc. Mas enfim, as vezes a gente pega um farrapo de jornal e vai juntando os pontos.
Pois bem, li, e supõe-se que é verdade, que o sr. Fernando Henrique Cardoso participa de um grupo chamado The elders - os anciãos -, e, nos convescotes desse tal grupo, vem defendendo a descriminalização da diamba, do fumo, da marofa, da jagula, kaya now, da erva de índio, da erva tão somente, a popular maconha de uso geral.
The elders são assim uns ex-presidentes ou ex qualquer coisa que se reúnem para palpites sobre a chamada, a controversa," conjuntura mundial". Bem, isso me pareceu na hora, e são os vícios de formação, um negócio assim de gibi, superaventuras marvel, com um grupo de heróis, ainda mais aqueles semi aposentados (o Mercúrio, dos Vingadores, por exemplo-que era irmão, como todos se lembram, da Feiticeira Escarlate). Então. E, de lambuja, o troço do fumo. Palpitar no pito dos outros, onda Bob Marley legalize now.
Tem sentido e tal, nem foi ele o primeiro cara pálida a levantar a lebre, ou empinar essa pipa, embora sem tragar; mas aí, meu amigo capiau do mato lembrou, e antão aqui, num pode nem mais o cigarrinho, e lá, pros outros de lá, até maconhá pode?

9 de setembro de 2009

Quatro letras

Se p então q,

se q então r

r, se, e somente se, s.

Porque raios será

enredam-se PQRS em combinações argutas

argumentos em marcha

e, em forma de anagrama: SPQR

marcham soldadinhos, salve senatus populusque romanus

por onde passam não nasce nem grama


Porra, que rei serei? Será que pode?

Rei que se preze

Só recebe quem pede

Reunidas, num canto do alfabeto

confabulam entre si, com ânsias de poder

P, Q, R e S.

19 de agosto de 2009

A máquina paródica V

- Mas é incrível, disse ao animal, que sorria, - uma coisa estranhíssima essa máquina! Veja que em poucos minutos já senti efeitos inegáveis!

- A indução de consciência é notável, de fato, disse o Grifo. - Temos pouco tempo antes de sentirmos o efeito rebote, também interessante.

- Mas como efeito rebote, ia perguntando, já tardiamente; no arrabalde, as nuvens do enterdecer começaram, conspiratórias, a parecer gás engarrafado, o que não deixava de ser justo, pensava eu, notando, em consciência duplicada, a alteração das percepções.

Vi-me num salão amplo, um galpão em que grandes condutos passavam lá em cima, no teto alto, e o sentido da profundidade quase se perdia, de tão grande o prédio; a parede a nossa frente, quase a perdíamos de vista. O Grifo, notável, continuava com aparência de Grifo, o que me deu uma ponta de dúvida quanto ao caráter alucinatório da coisa toda.

17 de agosto de 2009

A história se repete repete repete repete repete

"Fora Sarney, Goldenberg e Vanderlei!" era o grito de guerra do movimento
estudantil quando eu estava na faculdade. Sarney era o presidente naquela
época, José Goldenberg era o reitor da USP, e Vanderlei... porra, quem será
que era esse Vanderlei, hein?

11 de agosto de 2009

Catação de pulga

Abundam pulgas.
Mais catação, como é evidente que eu não tenho mais o que fazer.

Habeas corpus indefirido não é do Grupo Estado
Ganha um porta-copos exclusivo quem conjugar corretamente o verbo "defirir".
Talvez fosse melhor mesmo eles começarem a republicar os Lusíadas.

3 de agosto de 2009

Catando pulga

Eu mesmo reconheço, tenho várias características que me condenam de forma inapelável ao destino e missão dos chatos. Entre outras coisas, sou ex-fumante, daqueles que pegam no pé da fumaça do cigarro alheio, e já trabalhei como revisor de texto, o que significa implicar com o que o outro escreve.
Essa última mania é que me faz escrever esse, saiu em chamada do Estadão na internet (será que não estão dando empregos para revisores? pelo visto não o suficiente)

caos em show de Bruce Springsteen
Atrasos, aglomerações e invasão de não-pagantes revoltou quem foi ao show

É isso aí, meus caros: tudo aquilo devem ter sido desagradável!


Papai fazendo uma boquinha

16 de julho de 2009

A máquina paródica do Grifo existe de fato (IV)

Sim, o polimorfo animal enfim permitiu que eu visse o dispositivo a respeito do qual vinha falando. De metal fosco, a bojuda máquina paródica tinha hastes de metal a sair-lhe do corpo, como várias alças; na parte de cima, alguns fios e antenas.
- Meu caro Grifo, isso parece uma paródica máquina de inventores dos quadrinhos.
Reticente, o monstro sorriu, e demorou um pouco antes de murmurar:
- Exatamente.
Acionada, a máquina emitiu um zumbido baixo, incessante. O Grifo explicava-me que a alimentação se dava por baterias solares, e enquanto a criatura falava de íons e correntes, mencionou um componente importante da traquitana - o indutor de consciência.
De repente, a voz do grifo pareceu vir de uma figura de avental, a quem não divisei direito logo de cara; apertei os olhos e vi um rosto levemente enrugado, cabelos brancos e óculos de aro fino, que me explicava coisas incompreensíveis com ar tolerante, professoral. Procurei entender o que ele falava, o senhor com leve ar de gnomo, que me explicava agora com uma lousa, em um gabinete de experiências, com retortas e tubos de ensaio; tive um sobressalto, esfreguei a cara: estávamos no arrabalde, entre os ramos de mato, e o Grifo me encarava curioso.
- Percebe como funciona?

10 de julho de 2009

Queima de arquivo!

Trata-se de queima de arquivo promovida pelos Gaviões da Fiel.

Explicada a insistência dos corintianos com as piadinhas de bambi etc. - é o recalque do desejo ardente que eles têm de sair rebolando lá pela marginal do Tietê.

O título da matéria é caridoso; suruba agora tem outro nome.


Morre travesti que se envolveu em polêmica com Ronaldo - Estadao.com.br

4 de julho de 2009

tempo cíclico

aí vem
de volta
outro ciclo do tempo

o mundo deu uma volta
correu na órbita celeste
outra kalpa
novo éon
nova era

só na minha ampulheta

parece

entrou areia

29 de junho de 2009

com endereço

A você, que entrou em minha casa, percorreu seus cantos farejando com caninhos escondidos em sua boca maledicente; a você, que prescrutou com olhos cobiçosos as coisas minhas reunidas com carinho; que lançou mão maldosa sobre objetos inocentes, que lançou palavras mal intencionadas ao sabor do vento de tua insânia; a você, que renegou meu sangue mais de uma vez,
te digo
volta sobre teus passos, se enterre de vez em tua sombra; sempre e agora, o que queres e está diante do teus olhos, será sempre conspurcado pela cobiça lodosa de tua alma; e por isso andarás por aí, sem sossego, desejando sem conseguir, conseguindo só o que pegas por via tortuosa. Longe do bem estarás sempre, em nenhum lugar conhecerás a paz. Tântalo, tonto imbecil, usurpou a boa vontade dos outros.

5 de junho de 2009

A máquina paródica do grifo - III

Sim, o Grifo com certeza possui uma máquina paródica, e a guarda lá longe!




Chegamos a um descampado amplo, de onde se via a cidade ao longe, encimada por uma nuvem permanente de fuligem e gases mefíticos. O Grifo aterrisou no meio do descampado, num mato já alto, e ao longe se viam uma ou outra árvore. Finalmente chegamos em casa, disse animado a besta biforme; logo vamos ver a máquina. Aceita um pouco?, perguntou, enquanto inclinava o pescoço e mordia com vontade uma touceira verdinha. Balbuiciei que não, obrigado; estava conhecendo a morada daquele estranho animal, com quem já convivia há tanto tempo, e dei-me conta afinal era um herbívoro. Afastei-me um pouco, por algum motivo acho que companhia para quem come só pode ser alguém que coma também. O descampado, sob o vento que começou a soprar, parecia uma campina distante, ampla, o balanço dos ramos dos arbustos adquiriu ritmo, lembrei-me das savanas na África. Já entrevia uma zebra ao longe, e de repente um sobressalto: era o Grifo me chamando. Vamos ver a máquina, disse; o arrabalde de repente me pareceu comum, desolado. Segui o Grifo.

29 de maio de 2009

A máquina paródica do Grifo - II


resumo do capítulo anterior: o Grifo possui uma máquina paródica!



Aquela preocupação com a máquina do grifo naturalmente foi cedendo seu lugar a outras, como costuma acontecer; o gás, a poluição, o tempo que muda, a taxa de juros, nosso time, quantas mais? Até que dobrei uma esquina e precebi que de cima de um telhado o Grifo me espreitava com um sorriso no bico. Ai, a multímoda criatura, pensei, e lá estava ele diante de mim, abanando as asas. - Olá, meu amigo humano. Como vai? - Assim, assim, meu caro Grifo. E você? - Ah, meu chapa, minha máquina é fantástica! Vamos até lá, vou te mostrar o que ela é capaz de fazer. Ainda nem cheguei aos limites dela... - Mas Grifo, eu estou indo ao banco, logo ali, pagar minhas contas. - Ah, os negócios humanos! Sempre as preocupações mais irrelevantes... A criatura estava totalmente absorvida pela máquina. Eu me lembrei do que pensara sobre a máquina, aquela sensação estranha de não saber o que era efeito da máquina e o que não. Mas, rá, o hábito de rir das preocupações iria falar mais alto. - Bem, Grifo, o banco é logo ali... - Nem se fala mais nisso. Vamos logo ao banco, e depois faço questão que você vá ver minha máquina. Fica difícil negociar com um animal que quando abre as asas tem uma envergadura de mais de cinco metros. Enquanto eu discutia com o gerente, o Grifo descansava entre as gárgulas da fachada. Logo depois estávamos voando, eu montado na coluna do Grifo e o animal impávido pelo ar, rumo aos arrabaldes da cidade, onde o Grifo mora.


continua...

28 de maio de 2009

A educação pela porrada, ou desumanizar é política pública


O assunto deu capa do jornal Agora, soube pelo blog do Paulo Henrique Amorim; crítica à educação pública, ninguém se importa mais com isso, é algo que se aceita como um fato da vida. Essa novidade, no entanto, vem de fora do sistema educacional, sempre esculachado e humilhado, vem dos livros didáticos, cujas vendas sustentam as maiores editoras do país, mimadas com imunidade tributária e produzindo livros caros. O texto que transcrevo abaixo foi incluído em livro distribuído para a 3ª série do ensino fundamental, livro produzido pela Editora Ática, hoje de propriedade do Grupo Abril:

MANUAL DE AUTO-AJUDA PARA SUPERVILÕES
Ao nascer, aproveite seu próprio umbigo e estrangule toda a equipe médica.É melhor não deixar testemunhas.
Não vá se entusiasmar e matar sua mãe.
Até mesmo supervilões precisam ter mães.
Se recuse a mamar no peito.Isso amolece qualquer um.
Não tenha pai. Um supervilão nunca tem pai.
Afogue repetidas vezes seu patinho de borracha na banheira,Assim sua técnica evoluírá. Não se preocupe. Patos abundam por aí.
Escolha bem seu nome. Maurício, por exemplo. Ou Malcom.
Evite desde o início os bem-intencionados. Eles são superchatos,Deixe os idiotas uivarem. Eles sempre uivam, mesmo quando não podem mais abrir a boca.
Odeie. Assim, por esporte.
E torça por time nenhum.
Aprenda a cantar samba, rap e jogar dama.Pode ser muito útil na cadeia. Principalmente brincar de dama.
Ginga e lábia, com ardor. Estômago no lugar do coração, pedra no rim em vez de alma.
Tome drogas, pois é sempre aconselhável ver o panorama do alto.
Fale cuspindo. Super-heróis odeiam isso.
Pactos existem para serem quebrados.Mesmo que seja com o diabo.
Nunca ame ninguém. Estupre.
Execre o amável. Zele pelo abominável.
Seja um pouco efeminado.
Isto sempre funciona com estilistas.

No mínimo o seguinte: o contrato de compra tem de ser anulado, por lesivo ao interesse público, e o gestor de recursos tem de devolver todo o dinheiro pago. E chamem a editora pro rolo também. Sobre o conteúdo do texto, depois de vomitar quem sabe eu fale alguma coisa. Um filho da puta desses não tem a menor noção do que seja uma criança, e qual a responsabilidade de um idiota que se mete no processo educacional.

20 de maio de 2009

A máquina paródica do Grifo

O Grifo adquiriu de terceira mão uma máquina paródica. À distância, parece um moedor de carne, nada demais; segundo ele, quando ligada, a máquina emite ondas que ativam no proprietário a zona paródica do cérebro. Confessei a ele que nunca tinha ouvido falar desse constructo cerebral; o grifo deu de ombros (o que no caso dele sempre é meio assustador): realmente, ninguém ouviu falar muito disso, mas existe essa zona paródica, responsável pela interpretação de estruturas homólogas e replicação na forma de linguagem e contexto, e além disso... eu interrompi o quadrúpede alado, calma meu caro, isso está ficando complicado (na verdade eu queria refrear o entusiasmo do bicho, que quando engrena num assunto vai abrindo as asas, batendo as patas no chão que nem cavalo nervoso). Lembrei que ele sempre tivera essa mania de imitar, de parodiar; perguntei a ele: e quando você parodiou O Corvo, já usava essa máquina? O Grifo respondeu: claro que não, eu comprei anteontem. E você já usou a máquina, perguntei; ele me disse que era uma máquina muito boa, funcionava otimamente. Ficou inclusive me mostrando umas manivelas que acionavam a geringonça. Conversamos de mais algumas coisas, e me despedi, era de tarde.
O que não me sai da cabeça agora é o seguinte: e se o diabo da máquina estava ligada, tudo o que falamos era uma paródia de alguma outra coisa? Mas do quê?

18 de maio de 2009

No pagode do Horácio


Nem queira saber, é zica isso aí, Leuconoe minha nega,

que fim os deuses armaram pra mim e pra ti;
larga dos búzios, o que vier, virá;
quantos verões, o que Deus mandar,
vê se as pedras param as ondas do mar.
Saca o seguinte, toma uma branquinha;
corta o pano do céu pra forrar esse barraco. Enquanto estamos de papo,
foge o malandro do tempo: cata cada dia com a mão
quem se liga em futuro é otário.





Ode I 11 - Horácio (Quintus Horatius Flaccus)
Tu ne quaesieris (scire nefas), quem mihi, quem tibi
finem di dederint, Leuconoë, nec Babylonios
tentaris numeros. ut melius, quicquid erit, pati!
seu plures hiemes, seu tribuit Iuppiter ultimam,
quae nunc oppositis debilitat pumicibus mare
Tyrrhenum: sapias, vina liques et spatio brevi
spem longam reseces. dum loquimur, fugerit invida
aetas: carpe diem, quam minimum credula postero.



Tradução que fiz, da ode de Horácio subindo o morro. Veja um trabalho erudito sobre essa ode aqui . Traduzi com a ajuda do programa words, excelente, confiram: http://www.erols.com/whitaker/words.htm

4 de maio de 2009

Ao mês de Maio

maio, maio

mês do raio

de luz que abre meus olhos,

aquarela feita de orvalho;

onde os azuis e os vermelhos

que existem só em teus ocasos?



maio, maio

mês do raio

de luz branca cristalina:

ilumina a trilha, a mente aclara.

as mentiras alheias eu encaro;

joga meus olhos sobre as minhas.


maio, maio

mês do raio

freme a terra com a luz que vibra,

força suprema sem trabalho,

dá às coisas uma cor de sonho

das tardes claras do mês de maio.

30 de abril de 2009

Invenção do choro

Meia vez que seja deve-se usar cartola

ainda que fora de hora.

Um charuto, um achaque e um veneno,

o baque de sentir sua própria veia aorta.

Alguma vez, andar de bonde, dizer pilhérias,

cheirar rapé e as madressilvas. E pensar que os homens

que usavam palhetas

e pisavam nas pedras do calçamento

de olho nas mulatas de serviço,

tomando parati e discutindo o gabinete Sinimbu

existiram, eram como nós, agora; o tempo escoava

e a eles também parecia estranho. Naqueles dias em que as canções

inventaram o choro, nas rodas abrigadas sob a sombra de árvores

que ainda estão, talvez, por aí, a nos olhar.

24 de abril de 2009

A Galinha Depenada

O Grifo, que já alcunhara merecidamente este vulto do direito nacional de A Galinha de Diamantino, junta-se ao gáudio da pátria com o depenamento da pernóstica ave no plenário do tribunal supremo.

Meus caros, a razão de o Grifo agraciar o ministro com tão mimosa alcunha é humanitária: é para não deixar o pobre ministro fazer bico, esperando que algum áulico lhe brinde com epíteto que o iguale aos grandes da lei no nosso país, como Rui Barbosa; de fato, ele merece. Nós nos antecipamos aos áulicos, queremos relembrar a nossa homenagem à Galinha de Diamantino, que rivaliza com a Águia de Haia, em postagem antiga.


ps - o galinheiro está cheio

ps 2 - o sujeito ainda precisa comer muito milho pra chegar a pavão

15 de abril de 2009

Dois tercetos

Eis que inda singro por senda de erros,


sombra do ocaso em sonhos dispersa,


um cofre sob a crosta de chumbo do medo.




Uma vela adivinha o tremor dos meus passos,


silêncio que espreita a cidade submersa,


idéia obscura que foge do fogo e do gelo.

13 de abril de 2009

O outro lado

O mais aterrador do outro lado é que pode ser muito parecido com este.
Emanuel Swedenborg dizia que o além túmulo de cada um depende de suas crenças nesta vida; assim, coexistem um céu de muçulmanos (com huris), um céu de cristãos, com anjos e etcétera, e outros tantos. Rudolf Steiner, grande vidente, via a conexão entre planos. Também o sono pode ter relances de mundos espirituais, segundo ele.
Pois bem, é isso que me assusta; outro dia sonhei que falava ao telefone com um serviço de atendimento, e eu reclamava em desespero sobre uma fatura paga, pela qual me cobravam juros absurdos. Bem, isso é que é suplício. Pela primeira vez, se meu espírito foi se ocupar disso, além de qualquer excesso ou insensatez que já cometi na vida, tive receio pela minha alma imortal.

6 de abril de 2009

Ainda que tarde...

Enfim descobriram o óbvio na Assembléia: depois de publicar bobagens sobre funcionários, matérias direcionadas, o Estadão constata a manada de ocupantes de cargos em comissão, empossados por mera canetada dalgum sr. Deputado.
Antes tarde do que nunca; quem sabe até chegam a discutir esse problema central da administração pública - instrumentalizado por todos os partidos - : o excesso de cargos em comissão, cujos ocupantes têm compromisso apenas com quem os nomeia, não com o poder público. Isso mata as boas políticas públicas no nascedouro. Mas não, não esperemos tanto.

3 de abril de 2009

Vanitas Vanitatis...


De Chico Caruso




28 de março de 2009

Negócios de ocasião

Negociam-se agora, bem sob nossos olhos, negócios secretos, escusos. Explico; vejam como vexados estão os sujeitos A, B e C, nas páginas dos jornais, investigados pela polícia, suspeitos de negócios pouco lícitos com os sujeitos X, Y e Z, principalmente Z. Ora, X, Y e Z, principalmente Z, terão todo interesse em que tal investigação não dê todo fruto que promete. Veja que também os indíviduos P, Q e R, de quem já íamos nos esquecendo, estavam há pouco na mesma situação de A, B e C, e terão todo interesse que a investigação sobre eles também não frutifique, essa investigação que havia sido incentivada por X, quiçá por Y, certamente por Z.
Não veremos aí uma comunhão de interesses? Nessas horas, um negócio de polícia cria uma polícia de negócios.
Alías, o enredo já havia sido previsto por Edgar Allan Poe, em A Carta Roubada (the Purloined Letter). Vale a pena ler.

27 de março de 2009

O Portador do Significado


Será ele?


Não Respire

O Ar está envenenado

25 de março de 2009

Indignação seletiva

Nesse dia de hoje, o judas foi escolhido pelo Estadão, logo de manhã em seu sítio: os diretores da Assembléia Legislativa. Depois, ouvi a CBN martelando na questão por mais de meia hora.
É um caso típico de incitação à indignação seletiva. De fato, a questão é apresentada sem nenhum contexto: parece que os cargos, os sessenta e tantos cargos, nasceram, ou vegetativamente foram crescendo na Assembléia Legislativa, e agora, de repente, constata-se que são muitos: os próprios deputados indignam-se.
Não, os cargos obviamente não surigiram do nada, a atual estrutura administrativa da Assembléia foi criada por Resolução, proposta pela Mesa Diretora e aprovada em plenário, há mais de doze anos.
Agora, outras discussões não se colocam: porque será que nunca se questiona a existência de 16 cargos de provimento em comissão para cada Deputado? O Deputado pode nomear quem ele quiser para qualquer um desses cargos, sendo que para alguns não é requisito sequer saber ler e escrever.
A imprensa incita à indignação seletivamente. Quanto a descalabro administrativo, que tal a verba de gabinete, assunto que surgiu na imprensa de repente, na época da eleição para as Mesas da Câmara e do Senado, e tão rápido quanto veio, sumiu. Também na Assembléia a proposta de publicar o CNPJ dos fornecedores dos gabinetes causou preocupação. O assunto evaporou, arruma-se outro, um judas para a malhação pública, de preferência um dos culpados de sempre: o funcionário público efetivo, responsável por tocar a máquina pública, aquele que representa o elo de continuidade das políticas públicas relevantes; nunca a imprensa se detém sobre o verdadeiro enxame de nomeações para cargos em comissão, exercidos por pessoas que não tem compromisso público, apenas compromisso com quem os nomeou. Nunca as reformas administrativas tocam nesse feudo de interesse de uma classe política que é, de fato, a vanguarda do atraso. À imprensa, seletivamente, esse assunto não interessa.

24 de março de 2009

Da Justiça

Está escondido, mas está lá no site do Estadão - não basta praticar a corrupção, querem tornar ilegal o combate aos crime. Os órgãos de inteligência podem cooperar - e devem, é da lei. Nem tudo esta perdido

Vale o antigo lema: ou se locupletam todos, ou restaure-se a moralidade!

Fumaça de Delfos

O Grifo, que já foi pitagórico, agora anda numas de Delfos; queima umas folhas numa fogueira, anda em volta e diz que tem visões proféticas.
- Qual o que, Grifo, tudo bobagem, você está é fumando alguma coisa proibidona...
- Estou te dizendo, é coisa seríssima e você aí brincando... E nessas horas a gente tem que ouvir, pois o Grifo faz um ar severo, de ave de brasão d´armas.
Pois num desses dias, segredou-me que em seus devaneios proféticos previra que a incensada candidata a presidente Dilma Roussef lá pelo começo do ano que vem deixaria de ser candidata.
- Mas como, Grifo, tá todo mundo dizendo, os jornais todos...
- Tudo bobagem, naturalmente; isso não devia espantar ninguém. O que os jornais escrevem não serve para nada, dada a textura do papel.
Enfim, começou lá uma arenga contra a imprensa e tal; mas o negócio da Dilma ele confirmou. Em abril do ano que vem não será mais candidata a presidente. E mais não disse, embora eu perguntasse, então quem vai ser, como é isso? Disse que surgirá uma aliança com uma figura de grande popularidade. E ficou nisso, o bicho realmente é teimoso.
Vou ficar de olho, ver que raio de folha o Grifo põe nessas fogueiras.

Doutrinadores de todo dia

Vão derramar seu sermão em outros ouvidos. Obrigado por poupar-me de sua opinião.
Seu dedo em riste, aproveite e enfie. E antes que pergunte, não, nem quero saber o que você acha disso ou daquilo, daquela ou daquele. Gostaria de oferecer com toda sinceridade, a quem usa a desgraça dos outros como exemplo de sua própria virtude, meu vômito, esse produto das minhas entranhas.

19 de março de 2009

Índio


Julgamento sobre reserva indígena, julgamento político; o ministro usa frase de efeito: segundo o Estadão, "Marco Aurélio afirmou que ´a demanda dos índios é por postos de saúde e não por pajés´".
Os índios hão de querer seus pajés; mas querem sem dúvida posto de saúde, moto e TV. Querem explorar a riqueza do subsolo. O índio só pode ter futuro com capacidade e cidadania plenas. A bolha cultural sem contágio com a sociedade branca não é possível.
A aquisição da ´dupla cultura´, com uma nacionalidade só, a brasileira, esse deveria ser o papel da FUNAI, mesmo porque se for feita a absorção de todos os indígenas em estado cultural originário de uma vez só vai ser um genocídio.
Para preservar o índio, é preciso aculturá-lo, no tempo do índio, não no do branco.

17 de março de 2009

Sabedoria não tem idade

Eplimpedes, o sábio grego do séc III aC, já recomendava o vinho, moderadamente, e as ostras, para rejuvenecer os órgãos internos.

Ali Abusamra, notável polígrafo árabe, relatou o efeito benéfico das pérolas nos casos de reumatismo.

Dyastrashamsharya, brâmane ilustre, dormiu sete dias seguidos, em Mandralapayam.

Leitura interessante

texto interessante sobre a política no BR, desdobramentos públicos e outros nem tanto.

http://colunistas.ig.com.br/luisnassif/2009/03/17/o-sistema-brasileiro-de-inteligencia-e-o-jogo-politico/

12 de março de 2009

Excomunhão, porque não?

Notícias daquele bispo do Recife indigente espiritual a gente leu até demais. Agora, essa me tinha escapado... engraçado como a repercussão é desporporcional. Pensando bem, às vezes a excomunhão há de ser um santo remédio, deve ser mais usado. Se bem que às vezes também seria bom, só pra garantir, sentar o turíbulo na cabeça do indivíduo pra ver se se apruma.

Grave regressão do Grifo

Então, como eu ia dizendo, ficou o Grifo encarapitado no muro lá de casa, impassível mesmo diante da chuva e do vento, assustando os gatos e fazendo as velhas que passam na calçada traçar o sinal da cruz. Nem comigo falava.
- Que é que há, ô Grifo?
- ...
- Mas...
E só cedeu quando lhe ofereci marzipan e chá de ameixas.
- Bem.. tenho uma imagem que não sai da minha cabeça... a bust of Pallas...
- Meu Deus, meu caro Grifo, deixa isso prá lá, a literatura...
- Rá, olha quem fala, grunhiu o ser biforme; - Ouça lá, humano: mais pior...
Indizível minha comoção; cãimbras corticais começaram...

oh, o que poderá acontecer a seguir???

6 de março de 2009

Ditadura

Dentadura
Branda
Escura

Murro nos dentes

Casa sem gente

Gente sem dente, a gente é fraco cai no buraco

Fundo

Escuro

Mas - quem matou mais gente?

Ditadura esclarecida.
um claroescuro sob medida:

Cada um com o despotismo que merece.

Augusto Rademaker Grunewald; o nome do sujeito já era uma junta militar (Almirante Augusto, Brigadeiro Rademaker, General Grunewald - acho que li isso em algum lugar). A queda atávica pelo pau-de-arara deve vir também do escravismo (não veio tudo?). O Nho-nhô de Sade das senzalas.

A participação social é intolerável para a elite nacional, incapacitada para a política depois de ganhar o país no colo. No fim do Império já estava estabelecida a órbita, essa é a direção que a elite do Brasil deseja, tem ânsia - para onde se voltar, a quem obedecer, a quem servir. O retorno do reprimido, o duplo no espelho: o masoquista da Casa-Grande.

A órbita do mundo vai mudar, o capitalismo financeiro balança feio. E a elite nacional está insegura, a participação popular parece mais ameaçadora com o império em tumulto, na metrópole. Isso não tem a menor graça.

Presidindo o conselho de anciãos, José Sarney. Deve ser outra forma do retorno do reprimido, mas aí já é demais pra mim.

27 de fevereiro de 2009

A volta do Grifo

O Grifo reapareceu lá no meu cafofo; veio voejando de nor-nordeste, e, depois de descrever uma trajetória elíptica, pousou sobre o muro de casa, quase firme depois das chuvas.



- Epa, seu Grifo, quem é vivo, hein?

- Olá, meu caro ser humano; como ides, seu Gomide? (não se pode exigir coerência dos animais de fábula; eu não me chamo Gomide.)

- Cuidado com esse muro, Grifão, tá meio bambo e o barranco não segura.

- Ahã, soube outro dia que esperto é quem fica em cima do muro. Almejo a esperteza humana, que vê virtudes na contradição.

- Olha lá, tá falando que nem doutor, hein?



Fui interrompido pela bicada bestial do grifo no ar. O grifo come mosquitos? Nem sei, deixei o bicho lá, e até agora ficou. Assusta todos os gatos do bairro, esse bicho esquisito sobresito por lá. Tocar o grifo? Sei não.

20 de fevereiro de 2009

Quem mandou ler jornal?

No Brasil, o governo militar foi uma "ditabranda", segundo a Folha de São Paulo. O que é que tem uma ditadura benigna, até boazinha?
Não teve PARA-SAR, o Estado não matou cidadãos considerados crimonosos sem o devido processo, não teve choque elétrico, tortura ou pau de arara.
Ou, se teve, não importa. A Folha vai corajosamente assumir seu apoio à ditadura de 64, assim como corajosamente posou de paladina das Diretas, ainda antes do cadáver da dita cuja esfriar.
E hoje ainda chama de cínicos leitores que escrevem em protesto; o professor Fábio Konder Comparato só pode criticar a Folha se antes abjurar o regime cubano. O que é que tem a ver com as calças?
Que nojo, Folha de São Paulo; assumam a cagada que fizeram, e depois disso FECHEM ESSE PASQUIM RIDÍCULO E VÃO GANHAR A VIDA HONESTAMENTE, SEUS BOÇAIS!!!!

17 de fevereiro de 2009

Ensignância

Ensenhança

ensinança de Anunciação:


o Signo

em plena Signância

Qualquer Consciência -

Mera Semelhança

Cadê

Onde estão as Notícias Populares que não mandam mais notícias?

12 de fevereiro de 2009

Índice de mentiras

Compulsados a compilar um índice de mentiras, os autores declinaram, diante das versões´em conflito de seus informantes.

3 de fevereiro de 2009

Críptica

Quis um dia exercer a crítica
com a lança da verdade,
com o ferro da ironia,

um a um
derrubei
os moinhos
e o vento.

As palavras, os sentimentos, esses canalhas,
nada sobreviveu a esse torto olho sínico
ruíram grandiosos edifícios, pedra e pedra.

Na poeira, me pergunto em voz alta :
não é que era mesmo
a liberdade um jugo
e vice versa?

30 de janeiro de 2009

À modo de refrão

Gente
tem
que tem
jeito
um ou outro:

nascer de novo
ou
trocar de couro

29 de janeiro de 2009

Com fumaças de profeta

O dinheiro tem valor simbólico apenas. Devemos ver, meus amigos, a circulação de moeda em analogia à circulação de símbolos, de palavras. Ferdinand de Saussurre já antecipava esse passo nalgum trecho de seu Curso. A linguagem e os símbolos em geral, permitimo-nos com eles jogos e ironias e auto referência. Testar limites. Com o dinheiro não, o dinheiro é sacrossanto, com ele nada além do sentido literal mais estrito, dizem. Tanto que a epítome da loucura, no refrão popular, é rasgar dinheiro.
Chega o dia, no entanto, em que o caráter meramente simbólico do dinheiro deve ser escancarado a todos, soa a hora dessa crença universal. Esse será o sentido ulterior das revoluções e tumultos na economia financeira de hoje, gerados justamente pela atividade irrefreada e delirante dos moedeiros falsos, sumos sacerdotes do dinheiro. Observai a complementaridade dos movimentos contrários. No próprio centro do capital financeiro o gênio foi tirado da garrafa, evidenciou-se que o dinheiro é tratado pelos seus criadores como símbolo, eles agem com liberdade em relação a ele, como criadores; nós, aqueles que trabalhamos em troca de dinheiro, que guardamos e pensamos nele pelo menos uma vez por dia, nós somos os escravos do dinheiro, ele fala por nós, subordinamos nossos desejos e crenças a ele. Entendamos de uma vez por toda que como toda linguagem o dinheiro depende da crença mútua da coletividade.
Não custa, caros amigos, dar uma força ao inevitável devir histórico: o mais sensato agora é rasgar dinheiro ou cunhar moeda às próprias custas. Moeda falsa? Olha quem fala!! Sejamos todos banqueiros!

22 de janeiro de 2009

Um sujeito que se desdobra






20 de janeiro de 2009

Fúria teus verdes olhos

Fúria, teus verdes olhos fitam outra coisa além de mim,
mais além; encaram meus olhos de vidro, a cabeça vítrea - transolhas.
Como virar-me, ver o que vês, envidraçado nesse átimo,
no frio do vidro, teus ventos verdes labaredas a varrer o que será?

17 de janeiro de 2009

Notícia velha

dos jornais de anteontem: perigosa quadrilha de juízes e delegados ameaça... ameaça... ameaça quem mesmo? Preciso reler os jornais de anteontem; espero a reedição amanhã.

8 de janeiro de 2009

Por aí, bundando


Então, numa dessas soube que bunda é de origem banto. Beleza de vocábulo, bunda é único, e é nosso; em Portugal o cru cu, meio brutal. Bunda não, palavra macia, arredondada, escandida com o mesmo prazer tátil de tocar uma bunda. Aliás, gesto pleno de sentidos, faz falta um estudo que revele inteiramente a amplitude cultural de passar a mão na bunda.

Tenhamos pena dos pobres termos estrangeiros, secos traseiros, buracos, atrás; só a gente tem a legítima bunda na imaginação, no léxico; não tenham dúvida de que é por isso que no Brasil abundam as benditas bundas, bamboleando e bulindo; não falemos da moça cuja bunda ganhou prêmio, que isso de bunda laureada, de vitrine, é um legítimo cu. A bunda sacrossanta e gostosa é a da rua, da praia, de todo dia.

5 de janeiro de 2009

Guerra Biológica

O Carlos Ângelo quer divulgar a nova edição de seu livro "Guerra Biológica", que ele está distribuindo pela internet. Ele fala com convicção sobre os perigos de contaminação da água por cadáveres em cemitérios, assunto que estudou bastante. Quem quiser pegar um exemplar na pasta abaixo, fique a vontade.