11 de setembro de 2013

e o rádio tocava aquela música


e nos olhos dela
nada via
nadava

e tanta lágrima
sal          saía      
rolava

de amor que é bom,
nem sinal,
só água
e sal


24 de julho de 2013

PAPA GO ROME

Esse frio

O frio que está fazendo, podem ver, veio junto com o enviado de Ahriman. Isso não pode ser coisa de Deus. Quando esse cara vai embora?

21 de junho de 2013

Os Fantasmas


Meus caros, esses dias todo mundo viu fantasmas em toda parte; o Fantasma da Liberdade, o Fantasma da Opressão, o Fantasma do Golpe, o Fantasma do Complô, o Fantasma do Momento em que Vamos Mudar o Brasil.

Eu tive um certo receio do golpe desde o início, há poucos dias. Agora, acredito que não será neste momento; não há, pelo jeito, força capaz de domar esta onda que vem varrendo o país de forma caótica.

Então, agora estou livre para criticar o PT. Sim, o PT, pois votei diversas vezes no PT, e em política, nos papos de boteco sou identificado como "petista". Faltam-me no entanto a carteirinha e a sinecura. Dispenso ambas.

Bobagem pontual do PT: Rui Falcão vir convocar passeata na Paulista, no dia em que o movimento do passe livre ia comemorar a vitória. Maquiavel de camelódromo, só jogou gasolina na fogueira. Mas isso foi pontual, foi em São Paulo, podia ter dado mais merda do que deu.

Cagadas homéricas: 1 -o PT, um partido que está no comando da União já há dez anos, tem de deixar de se vitimizar. Perderam o bonde do movimento, assim como os demais partidos. Não deu pra dizer, e essa tem sido a primeira muleta, que "o PSDB" está por trás do movimento. A tucanada foi pega igualmente de calças na mão. Agora, se não há apoio ao governo do PT, é "golpe". Não é, o PT tem a mania da hegemonia, não sabe lidar com o contraditório. A mania da hegemonia pode estar na herança genética do velho comunismo, um retrato na parede. E tem a ver com a dificuldade em compor, vide o esforço de cima pra baixo de Lula para celebrar a aliança que lhe deu a presidência.

2 - Políticas sociais, transferência de renda - houve um trabalho nesse sentido, mas isso é muito pouco. As pessoas querem muito mais. Isto exibido como estandarte não quer dizer nada; por mais interessante que tenha sido, é muito pouco, a desigualdade do Brasil ainda é grande. As pessoas querem continuar avançando. Dizer pra quem fala mal do governo, "o bolsa família permitiu às pessoas de baixa renda melhorar, sair da miséria", tudo bem, mas isso só não justifica o governo inteiro. Ou justifica? Essa política vai segurar o edifício inteiro?

3 - Coalizão política para governar; governabilidade - todo mundo sabia que ia ser difícil, agora quem ganhou não pode reclamar, tem mais é de se matar para conseguir passar as políticas desejadas, exigidas pelo povo, não dá pra reclamar do PMDB ou do presidencialismo de coalizão. Sempre souberam o que seria essa aliança. Em vez de tentar cooptar o passe livre, porque o Rui Falcão não cria uma estratégia para engolir o PMDB? Ou, porque ele não vai pra casa de uma vez? Por que a sua militância não está na rua pela reforma política? resposta óbvia: porque está (estava) cômodo.

4 - As políticas públicas estão um lixo, se as transferências da União financiam a maioria dos entes federados (maioria dos municípios, muitos estados) põe o TCU em cima da execução orçamentária de todo o Brasil, tem pessoal qualificado, põe o salário do TCU lá em cima. Passe uma lei pra isso. Se virem. E varre, diminui exponencialmente o cancro da corrupção, da gatunagem da verba pública no país. Para isso haverá sempre apoio político, se vocês temem o PMDB, ou sei lá quem, a rede fisiológica dos prefeitos-saúva dos municípios, porque eles vão retaliar com tudo, é claro, chamem o povo. Tentem reaprender mobilização popular com essa molecada que fez isso nesses últimos 15 dias. Com essa bandeira, as hordas que varreram o país vão se mobilizar.

 5 - Os serviços públicos têm de ter qualidade, não basta mais tentar alcançar uma estatística para publicar, o cara lá da ponta que usa o serviço quer se manifestar e dizer que o serviço está uma merda, e ele será ouvido, tanto ou mais que o prócer da executiva nacional do partido de vocês. Mais, porque os encastelados nas estruturas burocráticas perdem a credibilidade.

6 - O PT não tem o monopólio da virtude, e vocês fizeram um monte de cagadas, isso é de domínio público.   Se for pra vir pro debate "esquerda virtuosa x direita malvada" nem vem, deixa as hordas nas ruas.

Por ora é isso.

18 de junho de 2013

O Tiozão da manifestação

Estive ontem em um pedaço da manifestação que andou por toda cidade. Da Faria Lima à Água Espraiada, subindo pela Santo Amaro em direção à Paulista. Um pedaço mesmo, caminhei um pouco com o pessoal. O que vi: pessoal jovem em absoluta maioria. Eu era um tiozão obviamente. O tiozão da manifestação. Entrei na fila na Água Espraiada, abaixo da Avenida Portugal, dobrei a Santo Amaro e fui até Moema, de onde voltei a pé, ainda mais que sem um puto no bolso, só com chaves e o telefone, nem o busão a 3,20 poderia pegar. Conversei com uns e outros. O que ouvi: resistência aos partidos, embora tenha visto uma bandeira (pequena) do PSTU. Era muita gente, como todos já sabem. Uma moça me disse: "A Dilma tá perdida. Nós não vamos eleger a Dilma". Alguns têm consciência do peso político. Uma pessoa mais da minha faixa etária engatou um papo comigo, vendo que eu andava puxando conversa. Disse que a manifestação era sobre tudo, era contra o Mensalão, contra a corrupção, a amante do Lula. Aquela Rosimeire. E percebo que sou irremediavelmente irônico. Eu era realmente um estranho na tal manifestação. 
Av. Santo Amaro, perto do viaduto da Bandeirantes
Vamos a meus pensamentos sobre ela, porque é disso que estou escrevendo: muita gente já disse, o foco está disperso, tem muita gente oferecendo bandeira ao movimento. PEC 37, copa do mundo, cadeia para os "mensaleiros" - esta, sugestão do comandante da PM. Existe um desejo de unidade das pessoas e uma pluralidade de intérpretes do movimento, ouvi uma jornalista hoje, falando desde os EUA, dizendo que o movimento era isso e aquilo. Ora, minha senhora, se a gente aqui não sabe...
Os partidos perderam o bonde, obviamente, da representação. E essa manifestação é um esboço sem jeito de uma maneira qualquer de ter representação política. Não me sai da cabeça também a velha paranóia, de que o movimento tem maior organização do que quer aparentar. Pra dizer de uma vez, o medo do golpe. 
Depois, em casa, assisti com a Sandra os dois representantes do Passe Livre no Roda Viva, bons, bem articulados, mantendo o foco na redução da tarifa de ônibus. 
O F2, que é das internas nesse negócio de anarquismo, mostra que tem um pessoal muito puto com o escamoteamento do conflito na manifestação de ontem. Não deixam de ter certa razão. Por outro lado, a quem interessa a desestabilização, qual o fruto maduro pra ser colhido se essa árvore for chacoalhada? Tem sempre raposas espertas prontas a tirar proveito da radicalização. Enfim, muita incerteza, e alguma estranheza num movimento que, mesmo nas internas, debate-se tentando entender a que veio. 

13 de junho de 2013

No meu tempo...



Essa molecada de hoje é boa demais, no meu tempo não tinha isso não, não tinha essa clareza de visão.

Em tempo: e o PCC?

Detesto ter de escrever um texto como esse. Tenho muito mais vontade em falar sobre como foi emocionante andar pelas ruas de São Paulo ao lado de 15 a 20 mil pessoas, sob forte temporal. Uma chuva grossa que afastou uma parte considerável dessa galera, mas fortaleceu quem decidiu ficar. Ficar pra valer, com certeza de que essa tarifa será reduzida agora, imediatamente, certeza de que o transporte não estará mais nas mãos de empresas privadas (ou regido sob um viés privado ainda que em controle do poder público) e certeza de que essa tarifa nem deveria existir. Simples, ora, como já escrevemos tantas e tantas vezes, o deslocamento deve ser um direito, algo que caiba a todo mundo, sem exclusão, assim como o é a saúde e a educação.

Gostaria muito mais de celebrar o nosso campo de luta, dando ênfase no Movimento Passe Livre, que é indiscutivelmente de esquerda, de esquerda de verdade: se motiva pelas necessidades populares, contra as derrotas que o capitalismo tenta nos impor e por projetos que garantam melhores condições de vida para o conjunto mais explorado da nossa sociedade. Está do lado das pessoas, não dos governos. Enfim, a tarifa de ônibus não tem partido e deve ser combatida, independente da conjuntura do poder. A tarifa é um muro de Israel, que impede a passagem de um povo por seu território. A tarifa é um apartheid urbano.

Vim aqui escrever esse texto curto por outro motivo. Para dizer que mesmo sendo um ato imenso, só teve um momento realmente violento: o final premeditado pela polícia. Não foi no tenso impasse diante do Terminal Parque Dom Pedro, cujo desfecho pareceu até simples: tropa de choque se postou diante do ato e a força tática se posicionou atrás. Não havia pra onde ir, eles atacaram, recuamos.

Depois dessa dispersão, vários pequenos e grandes atos rolaram simultaneamente, até que a rapaziada voltou para a Avenida Paulista. Lá a manifestação tomou todas as pistas de uma das vias, sentido Consolação. Depois de cinco horas de pernada pelo centro de São Paulo, o ato se encaminhava para um final. Na altura do vão do Masp, uma parte dos manifestantes tentou ocupar a outra via da avenida. Bem ali estava a tropa de choque e vários de seus amiguinhos da polícia militar em volta de sua base.

Alguém foi detido. Sei lá por quê. Eram pouquíssimas pessoas nessa “ala”. Mas quem estava lá gritou pela soltura do detido. Ou detida, não posso ter certeza se era homem ou mulher*. Enfim, a turma gritou, o resto da multidão estava se aproximando e nessa hora os canalhas da polícia militar começaram a jogar várias dessas novas bombas de gás, brutais, densas, que permanecem no ar, no seu rosto e na sua traqueia por mais tempo. Ficamos presos, entocados. Estou falando de milhares de pessoas, 5 mil, 6 mil, 7 mil, por aí. Uma parte dessa turma desceu a primeira rua que encontrou. Outra permaneceu esmagada na porta do museu. E outra tentou recuar pela própria avenida. Não satisfeitos com essa primeira “dispersão”, seguiram atrás dos manifestantes atirando uma bomba atrás da outra. Contei dezoito, enquanto andava sem saber pra onde, sem enxergar e sem conseguir respirar.

Nessa hora vi o primeiro cara empunhando uma barra de ferro. Quis quebrar o carro de reportagem de uma emissora de TV, mas todos ao seu redor o impediram. A polícia por sua vez voltou a atacar, empurrando essas pessoas para ruas no entorno da avenida, com mais bombas, mais gás. A revolta foi estimulada de fora para dentro, por aqueles que têm o monopólio da violência e brinquedinhos capazes de realizar essa violência, contra outros que não podem fazer mais nada além de quebrar vidraças e lixeiras. Provavelmente amanhã leremos que o movimento como um todo tem como traço característico uma sede prioritária de violência. Não é verdade. Ainda que eu não caia nesse conto moralista e conservador sobre a violência. Nesta nossa sociedade, dividida em classes e mantida por um Estado agressivo, a violência é permanente: na fome, na miséria, na repressão ao desenvolvimento pleno de cada indivíduo, transformados um a um em meras máquinas de produção de riqueza para poucos.

Policiais caçaram manifestantes pelas ruas. Só de uma delegacia soube de 25 detidos. Aguardo um número preciso. E enquanto escrevo isso, leio pelo twitter do Passa Palavra que “o delegado responsável pelas detenções na manifestação contra o aumento exige R$ 20 mil por detido em flagrante, independente da acusação”.

Já presenciei situações em que o Estado foi não só repressor, mas cruel. Nas duas vezes em que nosso movimento em Floripa reduziu as passagens. Quanto mais eles batiam, mais o movimento crescia. A indignação por conta dessa violência superou a manipulação de informações e extrapolou os limites do alcance do movimento. Muitos vieram, não só contra a injustiça no transporte, mas contra a injustiça em relação à liberdade de lutar. Por sinal, um direito que temos apenas porque muitos se manifestaram, por vezes de forma mais intensa.

Quinta-feira vai ser maior.

23 de maio de 2013

Da caderneta



13 de maio de 2013

Fabula narratur


O dia em que as máquinas falarem, e os algoritmos contarem histórias de enredo
envolvente e vendável, emocionante porém sem tocar o fundo da alma de ninguém,
que esse negócio de alma é polêmico, e melhor ficar cada um no seu canto,
mesmo com suas manias e principalmente com suas manias, seus pretextos alvo do controle social
eficiente como as máquinas que vomitam histórias e imagens,
nesse dia, meu bem,
minhas histórias perderão qualquer coerência que nunca tiveram,
e os produtores do cinema americano que contrataram os descendentes de Propp por um caminhão de dinheiro - eles têm uma máquina de dinheiro lá, e as tais impressoras 3D - para analisar as constantes da narrativa, os motivos
the homeric licks
não vão perceber, na linha de produção,
mas
os símbolos terão caído, os signos estarão doentes da inflação, a paródia será sintoma,
o texto que ainda não surgiu será parodiado,
escarnecido,
dissecado sob as luzes do campo de concentração,
da ignorância e da estupidez que grassam sempre no eterno campo de concentração
e nenhuma história terá mais sentido;
estaremos em silêncio meu bem, talvez uma cantiga de roda
ou ainda mais antiga história de bichos que falam
restará sendo contada em nossa mente, em nossa alma,
até quando outra história for contada.

9 de maio de 2013

A romaria dos anônimos e a estranheza dos comuns

Eu, andar cambaleante, e você, cambaleando bravo, ponto e vírgula; sem voz, um fio. É por isso que tenta gritar comigo? Me corrigir a cada passo?



6 de maio de 2013

observação à margem

Se eu já fumei diversos alqueires de maconha, não posso chamar alguém de "maconheiro"?

Se o improvável leitor já esvaziou seus intestinos, não poderá apodar o merecedor eventual de "cagão"?

Me parece a mesma coisa.

3 de maio de 2013

Reitero sem dúvidas o que disse.


Acabou me fazendo mal escrever isso, há coisa de dois meses e pouco atrás. Apaguei. 

Mas quero agora reiterar o que disse, e apaguei. Este tal Lobão quer voltar a ser notícia com o impacto do ódio. Que seja. O ex-cantor do rádio quer mais dois minutos de atenção. 

Existe um vazio entre nós, alguns convivem com ele, outros o mascaram completando esse vazio com o que conseguem, com o que por acaso lhes passa na frente.

Mas existe um vazio que não se supera, um vazio de no nosso país. Uma marca, uma marca da maldade. A tortura, que foi amplamente praticada por agentes do estado que até hoje recebem proteção por seus atos bárbaros. A tortura que aniquila a alma.

Um crime hediondo e bestial como a tortura de um bebê de um ano e oito meses, uma história que não posso nem ler, isso é que é defendido por uns filhos da puta.

O Lobão, por exemplo, que em 1974 provavelmente estava fumando muita maconha, em excesso, e ouvindo talvez rock progressivo antes de nos impingir essa baba viscosa que cuspia pelo rádio nos anos 80, achava que a tortura "só arrancou algumas unhas", que não tinha sido nada. Então, seu cantorzinho filho de uma puta, você tá vendo que não era nada, vc quis "causar" com uma declaração polêmica a ver se seu merecido ostracismo abrandava um pouco, e no final, seu bosta, era isso que você estava defendendo. Era por isso que você levantou sua voz.

Isso nunca será esquecido.

(recuperado graças ao cache do Google)

2 de maio de 2013

Reitero o que desdisse!!


Por Zeus!

Bastou eu me arrepender de xingar um pouco o ex-músico Wordenbag-Scumbag, e apagasse uma postagem, lá vai o sujeito a dizer um monte de b...

Vai, evidentemente, ouvir de volta e se deliciar com a promoção obtida. Mas agora queria repetir o que apaguei outro dia. Reitero o que desdisse!!! (Alguém sabe como descobrir um post apagado?)



22 de abril de 2013

Os galhos e a árvore


Já sabemos todos os dois ou três leitores eventuais dessas linhas que eu tenho umas poucas idéias, duas ou no máximo três, todas fixas; uma delas é a da Carta Roubada, the Purloined Letter, de Edgar Allen Poe: o sujeito rouba uma coisa importante, uma carta, e a polícia vai atrás, invade seu escritório secretamente, vasculha o ambiente nos mais mínimos detalhes, com escrúpulo científico, chegando a serrar móveis, procurar paredes falsas etc. Não encontram a carta. Pois bem, onde estava escondida a carta roubada, tão importante? Em cima da mesa, entre diversos papéis desimportantes.

Assim se escondem as coisas relevantes. No insuspeito primeiro plano. Neste caso da bomba explodida em Boston, feita com uma panela de pressão, as conjecturas, centenas de ramos que se subdividem e intrigam o público, ocultam uma verdade óbvia: temos ataques gratuitos a civis dentro de uma nação que ataca gratuitamente civis em todo o mundo sem ligar para as formalidades do direito internacional, com os odiosos drones, máquinas de guerra teleguiadas, que propiciam um ataque sem reação possível: no máximo se abate uma máquina, nenhum combatente.

Aqui na nossa América del Sol, palpitam com frequência, e têm preferido a via politica - sobretudo porque encontram sempre mediuns dispostos a incorporar "a voz do dono" -  do que a militar, a que lançam mão sem medo no Afeganistão, Paquistão, e em todo o Oriente Médio.

19 de abril de 2013

14 de abril de 2013

Entreouvido nas cercanias da rua XV de novembro


" - A remuneração do fator Trabalho superou a do Capital em muito no caso dos grandes bancos, especialmente aqueles grandes bancos da Inglaterra e dos Estados Unidos. Aqueles que quebraram ou quase.
Ou os profissionais do mercado financeiro não são Trabalhadores? Os donos do capital, naquela ocasião, saíram perdendo, e muito."
" - O setor financeiro é o mais dinâmico da economia, hoje..."

Perdi o resto da conversa. Tinha de ir cortar o cabelo, de qualquer jeito. E andava pensando na nossa natureza ondulatória. E nos vazios que existem (?) entre os elétrons. Esse est percipi, como dizia um tio nosso.

12 de abril de 2013

Música de Rua V

Musa errática e uma câmara cambaleante

Na rua XV de Novembro, já tem algum tempo


10 de abril de 2013

Música de Rua IV


Rua XV de Novembro x Praça da Sé. 

1 de abril de 2013

Soja Cáustica



As empresas de alimentos não têm responsabilidade social, isso não é novidade.

Agora, engarrafar soda cáustica e vender como suco de maçã é um pouquinho demais.


Suco HADES
Mas não é, como naqueles anúncios de quinquilharias da TV, não é só isso!!!

Os grandes varejistas estão prontos a enfileirar centenas de embalagens do suco ADES nas suas prateleiras, cortesia da UNILEVER.

Um sujeito da empresa vai ao jornal para dizer que não houve nada, praticamente nada, foram 96 garrafas de soda cáustica postas a venda, apenas; tudo está sob controle, não corram, como diziam os ETs em Marte Ataca.

O jornal Estadão publica que, por um engano, os varejistas estavam tirando o suco HADES das prateleiras, pois o problema tinham sido as apenas 96 embalagens, viram, com soda cáustica. Isso há alguns dias; estavam preparando a volta do produto às prateleiras.

E estão por aí, a venda, milhares de embalagens de suco HADES, não houve nada. Não corram, voltem para suas casas. Estamos sob a mais perfeita narcolepsia, uma lobotomia que não deixa marcas.

E o governo, esse paquiderme velho e carcomido, é um balcão das grandes empresas. A ANVISA foi rigorosíssima, tenho certeza, com a UNILEVER. Mas ela nem sentiu cócegas. Vá eu, incauto, criar porcos, e manter um discreto abatedouro dos gentis suínos na minha casa; afinal, eu acredito na livre iniciativa. A ANVISA será rigorosíssima comigo: eu vou sentir na pele, e no bolso, uma porrada da qual nem me levantarei tão cedo. Se é que um dia me refaço do golpe.

Frutos do mal

Então, meus amigos, continuem debatendo qual é o melhor partido, quem é o fulano que mais se dedica ao povo; no final, o resultado é indiferente, a ação do capital deve continuar. Quem fica reclamando pode ser até diagnosticado, a normalização dos comportamentos tem tido grandes progressos sob as bençãos da indústria farmacêutica.

Há uns anos atrás, um bom número de anos, quando o sistema era mais rudimentar, havia autoridades que se arvoravam a proclamar os benefícios da soja para a alimentação humana; imagine, vendia-se muita soja em grão, desprezando o Valor Agregado. Hoje, a coisa é bem mais sofisticada. Mas o interesse na soja é o mesmo: tem valor de commoditie porque é um grão que nem os ratos têm interesse. Nem sei se os fungos têm. Pode ser armazenada facilmente, durante muito tempo. Pode-se formar um estoque.

28 de fevereiro de 2013

Sombras

Temos todos certa sombra que nos segue, nos persegue, que nasce e renasce em nós. Mas outras sombras são maiores, são persistentes e pairam persistentemente sobre uma cidade, um país, um  mundo. Sob a sua sombra, acostumamos; não as percebemos, perenes como o sol.

Nesses dias muitas delas apareceram, e assustam às vezes. A ocasião de ver.

Nesses dias se matou um rapaz, um homem já feito, assim um pouco mais ou menos da minha idade, meu semelhante; esse homem quando um bebê de 1 ano e 8 meses foi torturado.

Foi submetido a tortura numa repartição pública, no DOPS aqui ao lado, logo ali na Luz, entre os bocejos e o escárnio de uma humanidade abjeta: nós. E isso nunca lhe saiu da alma; nunca terá saído da alma de tantas   pessoas que ali estiveram, que participaram, empenhando nisso algo além de suas forças. Sob a sombra. Vivem até hoje sob a sombra, sem possibilidade de expiação.

Nesses dias,  a Igreja, uma organização antiga, fechada, poderosa e com muito dinheiro, deixou entrever por uma rachadura as lutas internas que tem. O humano, o mundano que compõe o recheio daquelas torres e claustros de paredes impávidas. E o que todos supõem foi dito, mais claramente impossível, pelo ex-Papa,  que desceu do salto: não é divino, mas um miserável sujeito das contingências das disputas mesquinhas de poder, por vezes pérfidas, normalmente impiedosas. Nunca foi cordeiro, mas encarou lobos maiores. Aleluia que se mostrou homem. Mas para reconhecer-se homem ainda faltou, parece; não será dessa vez.

Temos as nossas próprias sombras ainda, e antes de jogar luz sobre elas ainda não veremos a luz sobre essas sombras maiores; não é uma questão de um dever moral exterior. Eu mesmo não exponho aqui as minhas sombras que entrevejo, lançar luz é mais sutil do que a exposição histérica, não sei bem. Mesmo o sol cega. Mas fechar os olhos é que não dá mais.

12 de fevereiro de 2013

O Ex-Papa


A história inevitável é a da renúncia do Papa, gesto inédito. Dizem que o velho Ratzinger (ou Natzinger, segundo o F2)  está cansado, mas o óbvio é - como uma pessoa que se esforçou tanto para conquistar o poder o deixa assim sem mais?
Ahriman, conforme R Steiner
Alías, se pensarmos em termos cristãos, temos de lembrar o que disse o secretário do ex-papa Woytila, o polaco - da cruz não se desce. O ex-papa deveria agradecer os achaques e tocar o barco de Pedro sabe-se lá para onde. Mas não. Renunciou, um gesto no fundo egoísta. Dr Geraldinho lhe enviará certamente um cilício, tecido no vale do Paraíba por senhoras mui santas.

Evidente que, conforme o meu gosto por teorias conspiratórias, e vendo que seria altamente improvável uma renúncia totalmente espontânea do papa, por motivos de saúde, é inevitável concluir que ele "foi saído" do trono papal. 
Tarcísio Bertone
O cardeal Tarcisio Bertone é eminente do Vaticano, desde o Papa anterior, e esteve no centro das denúncias relacionadas a escândalos financeiros, segundo consta ligado a uma loja maçônica, a P2, em um enredo que se adivinha interessante. Notem que mimoso o cardeal italiano, aliás a cara do demônio ou demiurgo Arimã, ou Ahrimam, aquele que conduz a alma à materialidade, e portanto distancia-se das coisas espirituais, segundo o vidente Rudolf Steiner (outro personagem interessante, gerou involuntariamente alguns seguidores que o colocaram num altar). Dir-se-iam irmãos de sangue; dizem que pode ser o próximo Papa.




Alô, quem tirou a foto de monsenhor Bertone em seu melhor ângulo daqui? Mistérios Vaticanos.

13 de janeiro de 2013

La playa

Céu mexido de nuvens - Ubachuva