30 de dezembro de 2008

Holocausto no dos outros é refresco

No apagar das luzes deste ano, a matança sionista continua. De onde vem a fúria genocida dos judeus? Talvez o judeu Freud dissesse - é o retorno do reprimido.


Revolta da vacina

Escuto no rádio convite para vacinação das pessoas "que vão viajar para áreas consideradas perigosas". Haveria locais na rodoviária e no aeroporto para a vacinação das pessoas contra várias doenças, como febre amarela e outras. Lacuna gritante: quais são os lugares de risco, está havendo epidemia em algum lugar? Isso ninguém disse. Não bastou gente morrer no verão passado com a vacina da febre amarela, a imprensa compra barato a notícia que nem existe.
Distribuição compulsória da mercadoria: esse é um mercado de sonho para qualquer um!

23 de dezembro de 2008

Bimbalham os sinos!

Nesta época festiva, de congraçamento entre os seres humanos (?), quando por toda parte bimbalham os sinos, custa um certo esforço fazer a pergunta: celebramos bem o que, no afinalmente das contas? Estaremos promovendo uma réplica de antigas celebrações do solstício de inverno, base de tantos cultos e ritos, noites mágicas e místicas... do hemisfério norte? Nós, os antípodas, devemos celebrar o natal talvez em junho.

Nada disso, um coro clama, celebramos a vinda do Salvador, o deus feito homem em humilde manjedoura, que redimiu toda a humanidade. Bem, aí é outra coisa; celebremos então o natal, mas o que é que faz em toda parte esse velho viciado em xarope de coca?

22 de dezembro de 2008

Meteorológica

céu
cai
no chão:
Verão

17 de dezembro de 2008

Prumo

Análise técnica de acontecimentos recentes - a respeito de Satyagraha


http://jus2.uol.com.br/doutrina/texto.asp?id=11688

12 de dezembro de 2008

Campeão da Galáxia

Depois de vencer pela sexta vez o campeonato brasileiro, nós, são-paulinos, estamos que nem podemos, já sendo três vezes campeões do mundo. Estamos de olho no campeonato da galáxia já, que o mundo está ficando pequeno.

E o futebol também é literatura, os melhores times são aqueles que a gente nem viu. Hoje em dia, quem viu jogar Garrincha, Pelé, Didi já tem certa idade. Bem poucos viram Zizinho, Heleno de Freitas ou Leônidas; do tempo de Friedenreich, um ou outro raríssimo macróbio. Mas a gente gosta de imaginar; por exemplo, eu acho que o time da Copa de 1938 deve ter sido fantástico; naquele tempo meu pai era criança de calças curtas. E então formam-se as lendas; Domingos da Guia, o Divino Mestre, até os epítetos vêm, como em Homero. E então a súmula do jogo que se dane, o negócio continua na imaginação.

Em homenagem ao melhor time do mundo, a escalação do São Paulo com os craques de todos os tempos. O técnico desse time, nem precisava dizer, seria Telê Santana.
Roberto Rojas
De Sordi

Dario Pereyra
Bauer
Leonardo
Toninho Cerezo
Gérson
Müller
Leônidas
Friedenreich
Canhoteiro

PS: jogando botão com meu sobrinho, que por obra & graça de NSJC torce pelo SPFC, sempre escalei os times de botão com os maiores de todos os tempos, ao que minha sogra dizia que estavam baixando os espíritos.
PS 2 - Por coincidência, fico sabendo que hoje é aniversário de título mundial do São Paulo, veja: http://ferozesfc.blogspot.com/2008/12/h-15-anos-zetti-leonardo-muller-e-cia.html

11 de dezembro de 2008

Esconjuro


(...) and shake the yoke of unauspicious stars from our worldweary flesh

Entre nós



"Em 2010 não estou mais aqui", diz Serra, em ato falho - Da Agência Estado, de 9/12




Nosso excelso governador aparece nos jornais avisando que, ao fim do mandato, não estará mais aqui. Concluem apressadamente que deseja estar em Brasília, atribuem a frase à ambição. Nada mais falso. Apenas o Grifo percebe tratar-se de rasgo profético; o governador prevê que, em 2010, já não estará entre nós, passará a outro plano de existência, deixará o vale de lágrimas abotoando um paletó de madeira.


Sabido que o sobredito é um exemplo de vampiro, será que encontrou finalmente a cura para a maldição que há séculos o persegue? Ou terá um Van Helsing em seus calcanhares?


imagem: arte povera

10 de dezembro de 2008

Aspirações

(Soube notícias desse mesmo eu que segue
dando às vezes seus tropeços, soluçando seus velhos desejos)

Hei de receber minha herança de areia

Hei de encontrar meu destino desterro

Hei de errar por atalhos estreitos


Ou

Sentir correr o ribeiro que passa em nosso quintal

Ver nascer o sol e nosso filho crescer à sombra das árvores que o vento fala

Minha alma em silêncio, sem despojos, sem desejos

dos cadernos do Rei do Hei Hei Hei

3 de dezembro de 2008

Hipocrisia

O Grifo descreu da lei moral e achou que cada um por si e todo mundo mete a mão era uma verdade incontornável.
Então caiu-lhe na cabeça grosso calhamaço de Kant. Estatelado, entre estrelas, leu nas páginas entreabertas:

"Age de tal maneira que uses a humanidade, tanto na tua pessoa como na pessoa de outrem, sempre e simultaneamente como fim e nunca apenas como meio."

"Nada mais longe da realidade", pensou o Grifo. Depois chegou à conclusão de coubera a ele conviver com a humanidade mais degradada. Observou que, mesmo se fosse o caso, raras vezes alguém manipulava a outros como instrumentos de forma aberta, declarada, mesmo os cínicos. Ocorreu-lhe então outra frase, pois a ocasião parecia ser das citações: "A hipocrisia é uma homenagem que o vício presta à virtude."

1 de dezembro de 2008

Ainda que tarde...

Descobri agorinha que um tal concurso de contos promovido pelo Estadão em homenagem à Bossa Nova já saiu faz tempo, concluo que evidentemente não fui premiado (ai as injustiças!) com a publicação no jornal.
Quem pensar em O Barril de Amontillado sem ler essa advertência ganha uma garrafa de conhaque Dreher. Honorável Alice Ruiz: justo você, Berenice? Segue o texto que eu tinha mandado.

Brigas nunca mais

Chega. Chega desse negócio. Tá resolvido, tá acabado. Tá tudo acabado.
Mas Dorinha, teimosa; mulher, você às vezes sabe ser difícil. Dora, minha senhora, lembra como eu dizia, e você se ria toda, se balançava assim no vento, de um jeito que não sei até hoje, sempre me escapou.
Dora me escapou, não queria mais nada comigo. Soube logo que ia voltar. Em nossa casa, essas paredes esperavam você.
Virou outra Dora que eu desconhecia; séria, disse que podíamos muito bem ser amigos, próximos. Adivinhei, era isso que você queria. Mas precisava agir com cuidado, como o gato com o passarinho. Minha vontade assustava, você de perceber refugava, arisca. Um dia esse negócio acabava; íamos voltar, eu e você, aqui nesse terraço à beira mar.
Foi natural, quase; encontrei Dora no calçadão, Terça de Carnaval, bonita manhã. Amigos que se encontram, bom te ver, normal. Mostrei mesmo certo desinteresse na conversa; no meio do papo, mencionei de passagem a doença do gato cinzento que ficara comigo, testemunho da vida que ela fingia ter deixado pra trás.
- Mas tranqüilo, vou pra casa, levar o bicho ao veterinário.
- Onde, disse Dora, nesse feriado onde você vai achar veterinário aberto, só se for aquele carniceiro da rua C...
- Bem, - fingi mais hesitação – qualquer coisa eu ligo, vamos ver...
Não tinha mais jeito, Dorinha não suportou pensar no gato doente, adorava bicho; de jeito nenhum, vou com você, insistia; eu pedia que não, não se incomodasse, ela devia ter o que fazer... Estava feito, viemos a pé, sob o sol quente.
Entramos em casa; ela percorreu os cômodos, foi ao quintal, chamava o gato entre as árvores. O bicho insistia no sumiço. De volta à cozinha, Dora me encontra com um alívio, preparei sua batida de maracujá, muito gelo e rum Montilla. Dissolvera em segredo na bebida Rohypnol e ácido gama-hidroxibutírico. Com um suspiro, sentou-se. Um gole, Dora, a sombra está mais fresca. Conversamos de coisas novas e antigas, da teimosia do gato. Dora sabe rir, o refresco está ótimo, mais um pouco, Dora. O tempo passa, ela olhava para o quintal como quem olha o tempo. Sugeri que descêssemos ao porão, quem sabe o bicho não estava escondido entre tanta coisa velha.
Os pés de Dora falsearam um pouco descendo os degraus de madeira. Vários minutos na escuridão, até os olhos acostumarem. O porão antigo tinha um desvão na parede oposta à escada, sugeri a Dora que sentasse ali, num banco, enquanto eu revirava as quinquilharias acumuladas. Sem falar, Dora aceitou o repouso; ia piorando. Deita um pouco, Dora.
Ia ficando incoerente; era o momento. Deixei-a deitada no banco. Com os tijolos e o cimento depositados ali, comecei a subir a parede; o desvão seria o abrigo de Dora, porto seguro. Quando os tijolos chegaram à altura do banco, Dora já dormia profundamente. Fileira após fileira, a parede subia. Dorme, Dora, e fica aqui comigo. Não quero mais esse negócio de você longe de mim. Chega. Está acabado.
P.S.: O tal concurso exigia que o texto trouxesse a frase "não quero mais esse negócio de você longe de mim".

26 de novembro de 2008

Ars antiqua

Escandindo essas palavras por aí, meu caro, ars antiqua, demodê, o negócio agora é outro, é nem-sei-mais-o-quê.
Personagens, enredos, tramas complicadas, é um trabalho sem tamanho, e pra que? Balzac, meu amigo, não passa em nenhuma tevê. Ninguém tem mais tempo para a personalidade que se desfia ante os olhos, a angústia e o burnout da psique são a luz em volta da qual a mariprosa se esfalfa outra e outra vez. O encanto e o enjôo do vazio fazem saudar o Regresso dos Deuses. Virá? Qualquer esperança é ânsia, disse-me alguém; talvez sejam impulsos desordenados do meu cérebro. Recomendaram-me um banho psico-químico.
Restou da aurora rosidactila um folheto sobre um curso na Universidade de Tulsa, On Homeric Licks. Bom, isso é uma coisa que ao menos se pode usar, como diria minha vó.

24 de novembro de 2008

Extração de sumos

Com uma prensa hidráulica pensei certa vez em extrair sumos, resumos de obras grandes que me desanimam só de olhar. Tenho lá escondido em meu barraco n-ésimos volumes da Summa Theologica, a gente pôs em pilha e baixou a prensa em cima. O caldo recolhido é o extrato mais puro daquele papelório. O suco era escuro, espesso, parecia purê de beterraba, mas sem nenhum açúcar.
Outros calhamaços terão sabores diferentes. Em busca do tempo perdido imagino que tenha sabor de água de laranjeira, amêndoas, madeira e panos velhos; a Comédia deve lembrar carne cozida, vinho e azinhavre. Desconfio que do Código Civil extrairíamos um xarope com gosto de óleo de rícino, ferro moído e tomate.
O Ênio pretende extrair o sumo da Constituição Federal, ele diz que Se prenssássemos a Constituição extrairíamos um sabor fantasia de democracia, igualdade e justiça social, flavorizados idênticos ao original. O problema, caro Ênio, é que o livro é fininho, adptar-se-ia mal à minha prensa hidráulica. Mas a gente poderia pensar em fervura, ou outro método para extrair o sumo.

14 de novembro de 2008

Os Narizes


13 de novembro de 2008

Engrama

O traço que não se apaga
anula o gesto de quem o traça.

10 de novembro de 2008

GGRRyphus

O Grifo, grogue, esgravata grêmios e grateia a verga grelos e grutas esgrouvinhadas, esgrafejando gregotins e gregueus; grenado, grimpa, egrégio, e agraúda-se graças à grei. Grimpa grumos e grupiaras engrenado - engrimponado, logra engriguilhar-se, a engrifar grutungos. O grosso agravado, engrampa; grazosa grátis, graxadela granfa, ogro Sigrido segreda-se segrel: congregados, transgridem grades e progridem a graúdos agros aos gritos.
Agrupados, grogues, esgravatam grêmios e grateiam a verga grelos e grutas...

7 de novembro de 2008

A Galinha de Mato Grosso

Impõe-se que seja feita justiça. Devemos, nós, o povo brasileiro, homenagear o Supremo Magistrado da Nação com a alcunha de A Galinha de Diamantino, uma láurea merecida pela sua atuação incansável a serviço do Império da Lei, inclusive despachando Habeas Corpus a deshoras na penosa solidão da praça dos três poderes.



Com isso, será feita justiça a essa figura já histórica; outros juristas receberam alcunha enobrecedora, de feição ornitológico-locativa, como o pretensioso Águia de Haia, com menos méritos, ou iguais; maiores, nunca!



imagem: ars pauperrima

5 de novembro de 2008

Monteiro Lobato, profeta brasileiro

Cumpre-se mais uma profecia de Monteiro Lobato com a eleição de um negro para a Presidência dos Estados Unidos da América do Norte. Improváveis leitores, lembrai-vos do romance "O Presidente Negro", sobre o qual escrevinhei faz uns meses.


Lá estão antevistas a eleição de Barack Obama, o feminismo e a internet, por exemplo. Ufanemo-nos, então; Asimov era fraquíssimo, Júlio Verne bobalhão, Monteiro Lobato é que foi porreta, minha gente.

Outra profecia dele que se realizou foi a do petróleo, apesar da Standard Oil.



3 de novembro de 2008

Aula de dactilographia

Escrevei com os dedos, meus amigos, em teclas avessas ao toque, feitas dum plástico duro e opaco; os caracteres já apagados só podem ser lembrados pela mão insone, asdfg, asdfg, poiuy, qwert, mão insone que vira o carro com o rangido descontente do metal, e lá fora o mundo, os ônibus expiram no asfalto de sono suor e sombra.

30 de outubro de 2008

As vãs glórias do mundo

Lamentamos, naturalmente, que nosso candidato, a (o) Lacraia, não se tenha elegido vereador desta próspera comuna. Não faltarão, é certo, Lacraias para abrilhantar a legislatura vindoura em nossa Cãmara Municipal.
Aguardamos a posição (epa!) do Opus Dei acerca do relacionamento (epa!) do nosso candidato com o pio Geraldo Alkmin, com quem posou para a imortal foto que postamos mais abaixo. Ah, as doçuras do cilício...

29 de outubro de 2008

Boletim - do Mário

Mário, o anagramático, é meu amigo, e enviou Boletim extremamente informativo, que reproduzo, com a vênia do autor.

BOLETIM

Ei-lo: Otelo Mileto, El Bibelô!
Bom lóbi, ele teme lei: omite item.
Em limbo, bebe etil, bole, mete,
mel’o totem, bile, toilette.
– Belê? Tim-tim!

Temo tele (leio, mió!), elite,
bolo, moto, botim, otite,
êmbolo, limite

Me boto tolo, bóio, tomo bote. Tolete!
Te bilole, lobo bobo, bitole.
Bombo lembo, tome olé, lelé.
Milito, meto elmo, lombeio, tombo mil!

Lote tem loto, bol, biombo, teto,
tom mi bemol, motel, boleto.
Bolei bobó, omelete, moet – ol’ié! let mi tel io!
E.T., meio-time... (lime o mito: Leme é M’Boi)

Mel,
Belo mimo,
Embole bem, ilimite
E bimb’o elo, bitelo
Limo telmo, lito mole...
Lobotomo-biblio-etimolo-tilt

17 de outubro de 2008

Administração gerencial do setor público






O Grifo ouve muito falar em administração gerencial (sic), o pessoal usa roupa alinhada e fala difícil; talvez por isso o grifo, que em parte é um quadrúpede, afinal de contas, não tenha entendido nada, até ontem, quando enfim deu-se conta do que seria a tal administração gerencial e o choque de gestão. Deu risada quando viu a foto. "Ah, é isso? Paulada no povão, isso a gente já conhecia!"













http://www.youtube.com/watch?v=Yrkb_tp1cTg

(imagem da Conversa Afiada)

16 de outubro de 2008

Etemenanki

Etemenanki cresceu orgulhosa sob o céu.
O uivo dos lobos rodopiava pelas paredes mais altas que as mais altas montanhas. E lá iam eles, insensatos, empilharam o Ossa sobre o Pélias, o Pélias sobre o Etna, e assim até além das nuvens. O deus do guarda chuva a tudo via, e mandou amolar seus raios para fazer chover sobre aquele pessoal; vamos e venhamos, subir aos céus já era demais.
Seu criado Apolo Museu atrelou os cães no carro voador, e lá foram.
Etemenanki em Babilônia jazeu no chão, pedrinhas poucas, pedregulhos e faíscas; a raça de homens se espalhou, herdou a terra, compraz-se com a chuva e se move como a água, para todo lado.

6 de outubro de 2008

Oração a São Miguel Arcanjo

São Miguel Arcanjo, defende-nos na batalha;
seja nosso protetor contra a maldade e as armadilhas do diabo.
Que Deus domine o mal, pedimos em súplica;
e a ti também, ó comandante das hostes celestes,
pedimos que encerres no inferno a Satã e a outros espíritos malignos,
que vagam pelo mundo tentando as almas à perdição,
pelo poder de Deus.
Amém.


oração a São Miguel Arcanjo, comandante das hostes celestes.

Sancte Michael Archangele,defende nos in proelio;
contra nequitiam et insidias diaboli esto praesidium.
Imperet illi Deus, supplices deprecamur:
tuque, Princeps militiae caelestis,Satanam aliosque spiritus malignos,
qui ad perditionem animarum pervagantur in mundo,
divina virtute in infernum detrude.
Amen.

2 de outubro de 2008

O Grifo parodia

Se o corvo crocita, o grifo grunhe;

Never More, diz a ave agourenta,

ao que retruca o grifo, "Mais pior".



Ai! Grifo, grave erro que cometes!

Seja alma pessimista, ensombreada

mas não me atenteis contra o estilo

proferindo tão horrendo pleonasmo.



Desfila o Grifo sobre a laje

do barraco onde compulso as lições;

Fita-me com olhar de desafio,

e inda arrota, ao grunhir: " Mais pior"!


Oh pérfida e multímoda criatura,

que desdenha da gramática a arte,

decerto apraz-te minha desventura,

meu desvelo por esses volumes de má sorte!


À minha porta o monstro infame

prossegue o ditirambo de horror: "Mais pior".

a propósito, leia: http://www.insite.com.br/art/pessoa/coligidas/trad/921.html

e também: http://pt.wikisource.org/wiki/O_Corvo_-_Tradução_de_Machado_de_Assis

e mais: http://www.insite.com.br/art/pessoa/coligidas/trad/theraven.html

25 de setembro de 2008

Assim falou o Grifo!

O grifo, meio sem jeito, vem já profetizando a derrocada do sistema bancário monetário dinheirista e qualquer outro qualificativo que V.S. preferir. Na verdade fui alertado pelo meu astrólogo da iminência da bancarrota, já tem algum tempo. Sabeis, amigos, que o daqui a pouco para os astros demora um bocado mais para nós outros pedestres. Mas vem, évem. E para que não duvidem da minha astúcia e da minha visagem profética, remeto-os gentilmente ao meu bilhete já antigo em que dei palpite certeiro, acerca do estatuto ilusório do dinheiro, que existe apenas na medida em que a crença nele mesmo continua. Este valor é o maior alicerce da estrutura social.
O grifo, que aprecia os paradoxos, conclui então que a moeda, que era pura imanência, esvaiu-se para virar objeto puramente ideal.
Acordai! Dai ouvidos ao Grifo!

17 de setembro de 2008

Vai, Lacraia!



O que é que a Opus Dei vai dizer? Geraldinho, vai aprontando o lombo...


4 de setembro de 2008

Palavras ao vento

Jogo para a platéia, palavras ao vento, as mesas dispostas para a assembléia.
No centro, o orador perora e avança; nos cantos, engatam-se furtivas outras danças.
Negócios, arranjos; tudo pode, desde que atendidas as condições do cão;
Jantam bem os homens bons, e depois encomendam pesquisas de opinião.

28 de agosto de 2008

O Grampo e o Grifo

O encontro GR faz o Grifo apreciar o Grampo, este personagem da nossa política, da nossa imprensa. A revista VEJA publica uma estória sobre Grampo deste presidente do Supremo Tribunal, sujeito muito atrevido, asa negra da Nova República. A criação de fatos e sua divulgação é uma técnica que essa revista tem usado, conforme demonstra luis nassif http://projetobr.com.br/web/blog/5. Agora já se fala abertamente em golpe. Crise das instituições, etc e tal, a conversa é manjada.

27 de agosto de 2008

Automóveis

Babamos por carros, são atributos do ser para o idiota consumidor, ou seja, a gente mesmo.
Leio que nos EUA acabou a moda dos SUV, aquelas peruas enormes e agressivas na rua, beberronas. Agora o pessoal quer é carro elétrico, ou híbrido.
Porque é que no Brasil a gente tem de consumir a sucata tecnológica? À indústria interessa que o mercado local continue a consumir, em ritmo louco, aliás, sem ter de mudar as instalações, sem ter de investir nada. E ninguém fura o bloqueio do truste, mercado aberto up on ours.

6 de agosto de 2008

Suspiros e murmúrios

As montanhas da lua suspiram e murmuram.
O mar da tranquilidade.
O oceano do esquecimento.
Uma cortina que treme ao vento,
eu e você, aqui, a que viemos?

17 de julho de 2008

O Ovo

Um sujeito de suspensórios e cabelo escorrido na testa, vejamos, calças largas e barriga mais que razoável; este sujeito, alcunhado Ovo Frito, era o centro do universo. De longe, assim parado numa praça da cidade, via as coisas acontecerem à sua volta, espetáculos que se ofereciam.

Sentia que por sua causa tudo se movia, as folhas das árvores e os cães e os carros. Talvez isso lhe desse aquela satisfação bonachona, de mínimos movimentos.

Certo dia, declarou que era um dos justos que sustentam o mundo, e evitam que Alá fulmine a humanidade ímpia; preocupado, levei-o à tenda dos trancendentalistas; os sábios o examinaram e disseram que havia muita chance de ser mesmo verdade. Fiquei transtornado; nunca mais volto a consultar essa sorte de cambistas do além. Ainda me incomoda a noção de que minha existência depende de alguém como o Ovo Frito.

16 de julho de 2008

O Futuro de uma Ilusão

Artigo interessante no Observatório da Imprensa, questão de fundo no cenário do escândalo atual, o do banco Opportunity (occasio facit furem) (http://observatorio.ultimosegundo.ig.com.br/artigos.asp?cod=494JDB007).
O caráter ficcional do dinheiro vai ficando claro. Dinheiro é uma crença, um pacto mútuo, um símbolo, uma liguagem que se desgasta; um dispositivo útil que ultrapassou sua finalidade, e foi entronizado.

A derrocada da estratégia dos bancos centrais é o plano geral da derrocada menor do banqueiro Daniel Dantas. Ambos são frutos legítimos de uma mesma ordem econômica, pautada na financeirização global, em que o capitalismo perde suas bases na produção, para fincá-las na especulação.
Veja o caso brasileiro: do total da renda nacional, 70% são rendimentos do capital; 30%, apenas, correspondem aos ganhos dos salários, segundo pesquisa anunciada pelo economista nacionalista Márcio Porchman, do IPEA. Claro, 30% dos salários não são suficientes para remunerar 70% do capital. Este, por isso, descola-se da produção para a especulação. Precisa esquentar dinheiro.

Infelizmente não entendo de economia, mas a circulação de moeda parece ser como a circulação de palavras, baseadas na crença comum do valor. Bens e trabalho estão hoje perdendo o vínculo com a realidade do dinheiro. O capitalismo financeiro tornou-se independente dos bens reais, das coisas. Parece evidente que haverá uma crise em que o caráter ilusório da moeda há de se revelar.

8 de julho de 2008

Leminski

Paulo Leminski
Pulo à Lemingue
sky
abismo mais fundo
o céu

27 de junho de 2008

Hoje o centenário de Guimarães Rosa

Hoje, 27 de junho de 2008, centenário de nascimento de João Guimarães Rosa, o maior escritor do Brasil.
Dia de ler Guimarães Rosa; hoje, e todo dia.

Para quem não tiver um livro à mão, tem Sagarana:

http://www.4shared.com/file/8508849/9edde404/Sagarana_Guimares_Rosa.html

24 de junho de 2008

Medo

Muito mais fácil é a toda hora do medo. Os olhares mudos avisam, inumanos. Controle mútuo, silencioso, eficiente. A racionalidade não pode nada contra o medo, que paralisa.
E todo dia estamos presos a ele, afastamos quem recusa seu golpe de agulha. O medo, a baba bovina do medo, a que Nelson Rodrigues se referiu - "estamos todos esperando o rapa"; estamos mesmo. Qualquer dia nos revoltamos se ele porventura não passar. A gente mesmo passa.

12 de junho de 2008

Grupo GR

Grifo, o grande, agradeçe as graças agradáveis,

e as graves negras íntegras do grupo.

Gravames e vinagres, alegrias e agrados,

jograis gritados por ogros ágrafos.

Angras, gretas na crosta incongruente,

O regresso agridoce dos degredos.

27 de maio de 2008

O barril de Amontillado

É título de um grande conto de Edgar Allan Poe, the cask of Amontillado. Muito bom mesmo; no entanto, até agora não sabia o que é o Amontillado. Aprendi que é um vinho de Jerez, denominação de origem controlada na Europa, e que esses vinhos são diferentes, parece que passam por um processo de destilação. De Jerez vem a denominação sherry.
O Vinho de Jerez é diferente porque, após a fermentação, é adicionado conhaque. Aliás, o destilado de vinho conhecido como conhaque é só um subtipo de brandy produzido na região de Cognac. Aprende-se muitas coisas com a internet.
Vejam, soube também que em Portugal há um brandy com denominação de origem, na cidade de Lourinhã.
E assim, ainda preciso provar desse Amontillado, porque dizer que é um tipo de Vinho de Jerez não quer dizer nada, ou xerez. Justamente, como diz o personagem Fortunato, a quem o narrador atrai inevitavelmente para uma armadilha, "Lucchesi não sabe distinguir Amontillado de sherry." Continuo sem saber o que é Amontillado. Aceita-se doação de garrafas.

26 de maio de 2008

Coiote.

No regrets, Coyote. O som de Joni Mitchell (Hejira) faz lembrar que Roberto Freire morreu, foi por um caminho além dos que conheceu por aqui, e forma tantos. Foi traçar novo Paebiru.
veja
http://www.caminhodepeabiru.com.br/ (clique em "o caminho")

31 de março de 2008

Fim do romance

Bem, faz tempo que não escrevo nada, e vou encerrando o assunto do livro de Monteiro Lobato. Tem coisas interessantes de a gente ver nesse o presidente negro. Na raiz do argumento está a crença de que a divisão racial nos Estados Unidos só faria crescer em mais de 200 anos, levando a uma sociedade radicalmente segregada. O feminismo também foi antecipado, como uma caricatura de certa forma. E o progresso da civilização industrial no rumo da transmissão intangível de informações - por rádio, foi o meio que Lobato imaginou- bem, essa é a antecipação mais fantástica desse romance.
Tudo isso aconteceu? Não; ninguém usa HAL 9000, mas nem por isso é menos admirado Arthur Clarke. Assim também Lobato, que escreveu essa grande obra de antecipação na década de 1920. Também imaginou uma sociedade que evoluiu para desconcentração urbana, tendo os meios para isso, coisa que não aconteceu. Vale a pena ler o livro de Lobato.

8 de fevereiro de 2008

mais do romance de Lobato, de 1926

O interessante para nós que o livro antecipa, como em Wells ou Júlio Verne, esse acontecimento da eleição dos estados unidos; no século 23, na eleição do presidente norte americano, disputam um candidato dos homens, e um das mulheres, que rejeitam a idéa de que homens e mulheres pertençam à mesma espécie. Os dois candidatos cortejam o líder dos negros, Jim Roy, que hesita em declarar apoio até o último minuto, quando, em um movimento surpreendente, declara-se candidato, e ganha a eleição.
Tudo isso é relatado por Miss Jane a Ayrton, embevecido, babando pela moça. Ainda há muita coisa interessante no livro, como o futuro da eugenia, as transmissões de informação à distância instantaneamente (vg internet), por "rádio". em outra postagem continuo.

22 de janeiro de 2008

o presidente negro

O argumento do romance O Presidente Negro vai assim: o narrador, Ayrton, é um sujeito simples, que trabalha a para firma de Sá, Pato & Cia. Observa de longe a riquiza alheia, admira e teme os donos da firma, e tem seus palpites no mercado financeiro. Deseja demais ter um carro, com o qual possa esmagar os pedestres, gritando "Arreda!".
Certo dia, um conhecido lhe aponta, dentro de uma agência bancária, certo senhor - é o professor Benson, e segundo o outro consegue ganhar sempre no câmbio, prevê a valorização e a desvalorização das moedas.
Vai um dia Ayrton afinal consegue o carro, um Ford, e sai pelas ruas a buzinar, acelerado. Na firma, ganha aumento, faz os patrões verem que impressiona ter um empregado com automóvel - o romance é de 1926.
Então, certo dia, é enviado para Friburgo, em incumbência do trabalho, e vai com seu Ford, numa estrada péssima de início, trilha de carroças. De repente, vê-se em uma bela pista, e pisa fundo no acelerador, apreciando a linda paisagem montanhosa. Sofre um acidente, perde a consciência e seu amado Ford. Quando acorda, está diante do professor Benson, o do banco.
Revela-se então que o professor Benson é um velho sábio que vive recluso - ayrton lembra-se do capitão Nemo - com sua bela filha Jane, cuja beleza perturba o narrador. O ancião conseguiu construir um aparato que lhe permite ver o futuro e o passado, pois que ambos nada mais são do que consequências determinadas pela vibração do éter - o romance é de 1926 - o princípio ou unidade fundamental da matéria. Conhecendo e captando por antenas semelhantes a teias de aranha tais vibrações, soube o professor calcular os movimentos futuros do éter, ou seja, o estado do mundo e tal ou qual ponto futuro - ou passado. Tais momentos se lhe aparecem num globo chamado de cronoscópio. Tudo isso revela ao apatetado Ayrton, reconhecidamente ignorante, de poucos estudos, modesto caixeiro, porque vê que está perto da morte, tem a necessidade de contar a alguém a sua invenção, que não deixará para a humanidade, e respeita o Acaso, que é como um Deus, e lhe trouxera até ele.

9 de janeiro de 2008

Ars longa vita brevis

Com as eleiçoes prévias para a escolha dos candidatos a presidente nos EUA, cabe lembrar de novo como a vida imita a arte. Monteiro Lobato escreveu na década de 1920 o romance "O Presidente Negro", estória situada no futuro, e justamente o presidente do título era o dos EUA, no século 23.
A previsão chegou antes; vou ler esse livro de Monteiro Lobato, agora que o negro Obama vai bem nas prévias. Depois escrevo alguma coisa.

4 de janeiro de 2008

O grifo engripa

Engripado, o grifo agradece a graça
alcançada, com um erro crasso.