30 de janeiro de 2009

À modo de refrão

Gente
tem
que tem
jeito
um ou outro:

nascer de novo
ou
trocar de couro

29 de janeiro de 2009

Com fumaças de profeta

O dinheiro tem valor simbólico apenas. Devemos ver, meus amigos, a circulação de moeda em analogia à circulação de símbolos, de palavras. Ferdinand de Saussurre já antecipava esse passo nalgum trecho de seu Curso. A linguagem e os símbolos em geral, permitimo-nos com eles jogos e ironias e auto referência. Testar limites. Com o dinheiro não, o dinheiro é sacrossanto, com ele nada além do sentido literal mais estrito, dizem. Tanto que a epítome da loucura, no refrão popular, é rasgar dinheiro.
Chega o dia, no entanto, em que o caráter meramente simbólico do dinheiro deve ser escancarado a todos, soa a hora dessa crença universal. Esse será o sentido ulterior das revoluções e tumultos na economia financeira de hoje, gerados justamente pela atividade irrefreada e delirante dos moedeiros falsos, sumos sacerdotes do dinheiro. Observai a complementaridade dos movimentos contrários. No próprio centro do capital financeiro o gênio foi tirado da garrafa, evidenciou-se que o dinheiro é tratado pelos seus criadores como símbolo, eles agem com liberdade em relação a ele, como criadores; nós, aqueles que trabalhamos em troca de dinheiro, que guardamos e pensamos nele pelo menos uma vez por dia, nós somos os escravos do dinheiro, ele fala por nós, subordinamos nossos desejos e crenças a ele. Entendamos de uma vez por toda que como toda linguagem o dinheiro depende da crença mútua da coletividade.
Não custa, caros amigos, dar uma força ao inevitável devir histórico: o mais sensato agora é rasgar dinheiro ou cunhar moeda às próprias custas. Moeda falsa? Olha quem fala!! Sejamos todos banqueiros!

22 de janeiro de 2009

Um sujeito que se desdobra






20 de janeiro de 2009

Fúria teus verdes olhos

Fúria, teus verdes olhos fitam outra coisa além de mim,
mais além; encaram meus olhos de vidro, a cabeça vítrea - transolhas.
Como virar-me, ver o que vês, envidraçado nesse átimo,
no frio do vidro, teus ventos verdes labaredas a varrer o que será?

17 de janeiro de 2009

Notícia velha

dos jornais de anteontem: perigosa quadrilha de juízes e delegados ameaça... ameaça... ameaça quem mesmo? Preciso reler os jornais de anteontem; espero a reedição amanhã.

8 de janeiro de 2009

Por aí, bundando


Então, numa dessas soube que bunda é de origem banto. Beleza de vocábulo, bunda é único, e é nosso; em Portugal o cru cu, meio brutal. Bunda não, palavra macia, arredondada, escandida com o mesmo prazer tátil de tocar uma bunda. Aliás, gesto pleno de sentidos, faz falta um estudo que revele inteiramente a amplitude cultural de passar a mão na bunda.

Tenhamos pena dos pobres termos estrangeiros, secos traseiros, buracos, atrás; só a gente tem a legítima bunda na imaginação, no léxico; não tenham dúvida de que é por isso que no Brasil abundam as benditas bundas, bamboleando e bulindo; não falemos da moça cuja bunda ganhou prêmio, que isso de bunda laureada, de vitrine, é um legítimo cu. A bunda sacrossanta e gostosa é a da rua, da praia, de todo dia.

5 de janeiro de 2009

Guerra Biológica

O Carlos Ângelo quer divulgar a nova edição de seu livro "Guerra Biológica", que ele está distribuindo pela internet. Ele fala com convicção sobre os perigos de contaminação da água por cadáveres em cemitérios, assunto que estudou bastante. Quem quiser pegar um exemplar na pasta abaixo, fique a vontade.