9 de março de 2014

Nas entranhas de moloch - continuação

Seguimos caverna abaixo, sós ainda que associados,
Percorrendo o chão de pedra das galerias escondidas,
Cedo percebi que o fausto dos tesouros não havia,
Apenas azáfama, suores e olhos assustados.

Nos salões enormes da entranha pétrea 
Muitos trabalhavam, à volta duma torre
Armada impávida sob a sombra eterna;
E logo aos labores me juntei, pois, fosse
O que fosse, o dever ali chamava
A todos pelo nome, e com voz de ferro.

A ara de Moloch é um campo de trabalho,
Seus cultores não são santos, heróis ou justos,
Que não os tolera esse deus avaro;
Aceita apenas em seu ofício absurdo
Os que consagram-se seus escravos,
E os tais tesouros, se os há,
Escondem-se em funda negra ermida,
De tal sorte que seus ingratos possuidores
Já não podem, com a posse, ver a luz do dia.




2 de março de 2014

nas entranhas de Moloch - continuação


Os vazios corredores percorri, na penumbra,
ouvindo um rumor ao longe, de labor oculto,
buscava já descrendo que, no submundo,
houvesse porventura os tais tesouros de Moloch.

Deparei-me no entanto, à beira de uma gruta,
com uma pálida e estranha criatura,
que como para si dizia entredentes,
são tantos os que procuram as primícias
de ouro e prata, as pedrarias em negras urnas,
mas poucos conhecem as certas galerias!

Entre nós houve logo acerto estranho,
pois nada pedi, nem me foi oferecido,
mas entendi, como num encanto,
que a criatura seria meu subterrâneo guia.