24 de outubro de 2011

fim do fim




deu

nunca deu

quem sabe agora vai

entregar de vez

      os pontos

vender à vista

      a nossa vista

roubar o tempo que nos emprestou

     certamente a juros

o tempo - relojoeiro judeu

de onde

nunca nada

     vem

que bem pode vir

nem nosso reino

     nem nossa vontade

sai prá lá

de onde menos se espera

daí que não vem nada

     mesmo.

17 de outubro de 2011

Facilis descensus Averni

15 de outubro de 2011

Ter uma artista em casa


Obra sem título, da Sandra

13 de outubro de 2011

A Máquina Paródica do Grifo - IX

Cenas dos capítulos anteriores
1    2    3    4    5    6     7    8

Resumo: O Grifo tem uma máquina paródica, e seu uso leva nossos heróis a estranhas situações

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O sujeito encolhia, quando levantei para interpelá-lo era já um mero sujeitinho, e sua impaciência tornava-se aflição, a olhos vistos, ouvidos, a olhos enxergantes. Segui na direção dele, "nós nada fizemos, meu caro, você e sua claque de seguranças são histéricos. Estou cheio de suas perguntas". Senti-me bem ao dizer; fui em sua direção, ele atingiu o tamanho de uma criança, e fugiu correndo para a direita.
Deixou de interessar-me; era pouco, ante o inusitado de a parede à minha frente dobrar-se, no seu canto esquerdo, uma curva abriu-se ante meus olhos, e o canto da parede projetou-se para trás, uma abertura, o lado escuro atrás da parede, não havia dúvidas que era a direção a seguir, deixar pra trás a sala vazia.
Até o pássaro se fora.
O caminho era escuro, como a entrada dos cinemas, entre duas cortinas, e meus passos eram surdos. Ainda tive de pressentir uma ou duas curvas com as mãos nas paredes forradas de tecido macio, antes que vislumbrasse luminosidade a mostrar o fim daquele corredor fechado. Andei naquela direção.
Do escuro, a luz; o ambiente era branco, iluminado, as janelas no alto eram multiplicadas por espelhos, muitos espelhos nas paredes, que refletiam à vertigem a cada passo. Uma sala de espelhos. Estava só e tive receio de olhar para os lados, hesitei inutilmente ante a multiplicação infinda da minha própria imagem.
Aflição da vertigem, penso que algo há de estar errado. O Grifo, afinal, deve saber de alguma coisa, onde terá se metido; quem serão aquelas pessoas à mesa, três à mesa, um quarto lugar, uma senhora me olha de modo suave e no entanto assertivo, o lugar, não há dúvida agora, está à minha espera.

9 de outubro de 2011

Os pupilos do Sr. Reitor

O Doutor Reitor empoçado por D José Serra I e único parece que vai afundar de vez o barco velho da USP - esse consegue, quem sabe; vem sucedendo bem àquela outra plagiária, quem era mesmo?


7 de outubro de 2011

Edição de hoje d´O Cretino.


Sinal de fim dos tempos...
Aproveite seus últimos dias (ou horas)...
Acabou-se a esperança.


O Cretino é publicado pelo Carlos Ângelo

5 de outubro de 2011

Ocupar Wall Street

A ironia do momento é que ninguém na TV, no jornal, nos sítios dos grupos grandes de comunicação na internet, ninguém fala nada sobre o movimento que vem acontecendo em Wall Street; eu mesmo não sabia que há mobilização permanente, transmitida ao vivo; houve prisões, há relatos de agressão policial.
Veja com seus próprios olhos.
Lembremos da emoção, da condescendência dos mesmos jornais, TV etc. com as manifestações árabes, chamadas de "primavera" de forma até demagógica. É o chamado "jornalismo Wando", feito com muito amor.
Sobre a ocupação de Wall Street, a rua do Muro, ninguém sai de cima do muro: é esse silêncio, ouvimos o vento ao fundo, pra ver se alguém fica embaraçado e de repente puxa outro assunto.

3 de outubro de 2011

A máquina paródica do Grifo - VIII

Sim. Ainda persiste a série interminente da máquina paródica de O Grifo. Nem nós sabemos a razão de tanta persistência. Cartas para a redação.

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Dah, unhgs, eram monissílabos que o homem soltava entredentes, com esforço, com raiva. Iluminado pela única lâmpada pendurada no teto por um fio, via o suor em seu rosto cada vez que passava pela luz fraca, andando de um lado para o outro na sala vazia e sem graça.
Eu me sentava em uma cadeira metálica. Soube que devia esperar o que aquele sujeito,  impaciente pelo jeito, iria dizer. Andava e andava mastigando seus dentes, na frente de uma parede de blocos, tijolos aparentes, as sombras da pálida lâmpada projetavam-se nos lados da parede. O nervosismo daquele inquisidor por algum motivo me deixava calmo, não vi motivo para inquietação. Até que ele berrou, de repente a cara vermelha, com as duas mãos apoiadas na mesa à sua frente:
- O que vocês fizeram??!!
Intrigavam-me os olhos a saltar das órbitas, a qualquer momento os globos poderiam pular, vivos; depois do berro, um silêncio, vi à minha direita um pássaro bater asas na gaiola. Engraçado. Não tinha percebido ele ali.
Mas estava tranquilo, estranhamente; o bater das asas do pássaro confirmava que tudo andava bem. Levantei-me, como quem explica, de boa vontade, como um otimista incorrigível, e expliquei para meu acusador boquiaberto, arfante:
- Mas, o que foi que eu fiz?
Pareceu incrédulo, e sua incredulidade o encolhia ante meus olhos.


Continua...