22 de dezembro de 2014

Voluta



9 de dezembro de 2014

De alma cava, medito lentamente, cultivando as sombras do meu fígado; rumino pensamentos, profiro meros bocejos, sonhos quase sólidos sem semente. O silêncio da casa reaviva a memória, procuro ainda em mim, e sua visão me faz pensar - o equilíbrio precário, a gente se fazendo no meio do mundo e das coisas, na magnética interação - não existe recolhimento. Um beijo, gosto de escutar suas lições do grilo falante, ponto eletrônico; há tanto ainda a saber. A minha língua ausente vai te esperar.

22 de novembro de 2014

abracadabra

A cabra cobra a cobra, ponha cobro à broca, que cobre o brejo e a abrasa a brisa; enquanto a cabra brame, a cobra dobra e se abraça num requebro de cabrocha.

23 de agosto de 2014

Sem comentários

Continua ensurdecedora a falta de comentários sobre o acidente que matou Eduardo Campos. Disse um piloto da aviação comercial que o acidente só se explica pela explosão das duas turbinas. E o que faziam drones na área? 
E como diziam Dupond e Dupont, cui bono? 

16 de agosto de 2014

cum artis dicendi

Ouvi dizer que numa vila em que nunca acontecia nada certo dia sujeito foi à junta comercial para registrar que as fazendas reunidas sta. Generosa tinham sido adquiridas por empresa grande da cidade.
Pois Celsinho da junta nem titubeou,  chamou o Juiz de Paz, mais uns grados do lugar, e logo o Juiz estava deitando discurso na frente do contador,  que não entendia nada: "Nesta ocasião, em que presenciamos este enlace patrimonial...";  lá fora,  vinha chegando o tocador de Eufônio, sozinho, pois não dera tempo da Sociedade Euterpe de Ouro reunir-se.

29 de julho de 2014

Pode-se falar em "problema judaico" sem ficar sob a mira de incontávels armas?

Os romanos no ano 70 esmagaram os judeus e arrasaram Jerusalém, fartos, parece, dos problema que causavam; hoje, continuam turbulentos, porém no coração do império parece que ninguém quer nem pode fazer nada além de lhes dar apoio, suporte e tudo o mais que quiserem.
Irão sacudir o mundo até arrasar o quê? Até onde irão?

27 de julho de 2014

Visagens proféticas d´o grifo


Vocês sabem, o Grifo é um animal estranho e recai de vez em quando em suas visagens proféticas.

Outro dia, e era antes da semifinal da copa do mundo, estávamos no terraço absorvendo a paisagem dos morros próximos quando o animal reparou ensimesmado:

- Será o fim do jogo...

- O que é, Grifo, que jogo??

- O jogo... depois de 50, o Brasil foi ganhando corpo e vencendo no futebol a todos os adversários; dessa copa em diante, temos o fim de um ciclo de 64 anos, ou quase nove setênios...

- mas, mas ???!!!??? embatuquei

- são dezesseis quadriênios; hora de mudança de ciclo; logo o futebol diminuirá de importância, e teremos torcedores de luta, de críquete, de golfe.

- o que é isso, Grifo, deixe de bestagem

nessas horas, de nada adiantam minhas observações, o Grifo já alçara vôo, pensativo, com suas asas descomunais. Tenho remorso de não ter dado crédito às visagens proféticas do animal, e publicado a revelação que seria bombástica, alguns dias atrás.

24 de julho de 2014

Na terra do pai da aviação

Mais uma vez a Europa se curva diante do Brasil, por aí no mundo somem aviões, aqui vão se descobrindo aeroportos...


18 de julho de 2014

Eyeless in Gaza

At the Mill with the slaves
Até quando as atrocidades continuarão? Quando - e se - os Eua vacilarem, Israel será chacinada pela montanha de atocidades que vem cometendo.

8 de julho de 2014

Meu Deus, desde Friedenreich, Pixinguinha 1 x 0, Hércules, Perácio e Leônidas; desde Heleno de Freitas, e do trágico time de 1950, nunca antes nesse país a Seleção havia sido desancada de forma tão categórica, tão absurda e impossível. Uma derrota que parecia um afogamento lento e certo.
Mas como continuar a ganhar se desde a década de 1990 não temos mais times, o nosso futebol é um escambo permanente, e voltamos a funcionar como entreposto, como nas capitanias hereditárias, uma palhoça em que se buscam madeiras e "drogas do sertão", sempre farejando o ouro? Assim não vai não, um time em que se escalam jogadores para negociação, um time que é um verdadeiro lance profissional no mercado futuro. Meu palpite é sombrio, deixo para lá, a natureza melancólica vence, vamos vencendo o jogo com um time dos sonhos.

Carlos
Djalma Santos
Oscar
Domingos da Guia
Nilton Santos
Falcão
Gerson
Garrincha
Pelé
Leônidas
Canhoteiro

6 de maio de 2014

Dinheiro não tem cheiro

Meus caros, dinheiro não tem cheiro, como diziam os antigos; será que não tem mesmo? Um cheiro de mato queimado? Pois no país sem nome do Norte dizem que os bancos não querem aceitar o dinheiro das empresas que estão no ramo da maconha legalizada.
Inaudito um banco não querer dinheiro hein? Alegam que haveria uma lei federal que proíbe etc...
Ah se em toda situação juridicamente duvidosa o banco dissesse ao depositante que tirasse aquele dinheiro dali , rá!
Qual o motivo dessa inapetência?

9 de março de 2014

Nas entranhas de moloch - continuação

Seguimos caverna abaixo, sós ainda que associados,
Percorrendo o chão de pedra das galerias escondidas,
Cedo percebi que o fausto dos tesouros não havia,
Apenas azáfama, suores e olhos assustados.

Nos salões enormes da entranha pétrea 
Muitos trabalhavam, à volta duma torre
Armada impávida sob a sombra eterna;
E logo aos labores me juntei, pois, fosse
O que fosse, o dever ali chamava
A todos pelo nome, e com voz de ferro.

A ara de Moloch é um campo de trabalho,
Seus cultores não são santos, heróis ou justos,
Que não os tolera esse deus avaro;
Aceita apenas em seu ofício absurdo
Os que consagram-se seus escravos,
E os tais tesouros, se os há,
Escondem-se em funda negra ermida,
De tal sorte que seus ingratos possuidores
Já não podem, com a posse, ver a luz do dia.




2 de março de 2014

nas entranhas de Moloch - continuação


Os vazios corredores percorri, na penumbra,
ouvindo um rumor ao longe, de labor oculto,
buscava já descrendo que, no submundo,
houvesse porventura os tais tesouros de Moloch.

Deparei-me no entanto, à beira de uma gruta,
com uma pálida e estranha criatura,
que como para si dizia entredentes,
são tantos os que procuram as primícias
de ouro e prata, as pedrarias em negras urnas,
mas poucos conhecem as certas galerias!

Entre nós houve logo acerto estranho,
pois nada pedi, nem me foi oferecido,
mas entendi, como num encanto,
que a criatura seria meu subterrâneo guia.






28 de fevereiro de 2014

Nas entranhas de Moloch


Andava em campos amplos eu um dia
quando a sorte quis, ou a desdita,
que me viesse ao ouvido meu
essa cantiga
"vamos às entranhas de Moloch"

Duvidei então da melodia
que lenta e triste se esvaia
nas tardes brandas estivais
e pensava então
que idéia estranha,
irmos às entranhas de Moloch!

Em sossego, pus-me na moenda
a assobiar, sem nem notar
aquela cantiga que ouvira na estiva
e assaltou-me a ideia avara
vamos às entranhas de Moloch!

Pois nós, homens pequenos,
vivemos nessa terra à prestação,
enquanto à sombra escondem-se esquivos
os vários e assombrosos tesouros de Moloch!

Mil bocas não bastam a murmurar
a reforçar a fantasia que a alma abrasa
e seca a garganta do coração

vamos, corramos já, antes que acabe,
antes que o azar, ou a castidade
nos proíbam de gozar à toda vontade
os amplos, indizíveis, tesouros de Moloch!!

Fui então, na trilha aberta,
pelos olhos da cobiça sem razão
em busca da grande falsidade,
da obra de infinita fatuidade,
quis as posses e o ouro de Moloch!

Vai! vai por aí, meu celerado,
disse-me um anjo, ou um aloprado,
esta senda dá numa antiga cave
escura, porém ampla e penetrável

Na escuridão, não terás medo,
rebrilham ouros, e o segredo
é nada sentir, pouco dizer, e logo,
terás mais do que imaginas a dispor;

Cheguei à cave, escura e ampla,
andei a sós, com confiança,
porém cedo pensei, porque ninguém
diz palavra alguma,
o calor de gente, a voz humana
não nos aquecem nessa estância dura
como pedra bruta, ainda que rara,
pois deve ser assim, tal amargura
assola a vida sob a terra, esconde-se o frio,
que guarda
com dentes arreganhados os tesouros de Moloch.

(continua....)

16 de janeiro de 2014

Da janela lateral


Da janela lateral do quarto
cantam os campos de quartzo no meu
quintal
no meu quarto o astral de Qetzalcoatl
singram as estrelas os enigmas da semente do cacau
enterrada entranhada na terra ao sul
da américa
da janela lateral

Quem sabe o que sejem
tais sinas estranhas
que teimam em guiar as rotas errantes
dizem - as estrelas, o pó do acaso
ou o imo de si
onde espelho reflete espelho
e o movimento do olhar

Fórmulas de fumaças evolam
pela janela lateral
desfeitas em fios e em sombra do vapor
de ontem, dos dias e das palavras já ditas
dos discursos desvãos e desvios
em dias vazios
pela janela lateral
O tempo parou
A obra - o fim do caminho
A dor nas costas
Floresce em espinho

Quero morar com você
Meu bem
Em outro lugar
Na casa de joão de barro
As paredes não germinam