28 de abril de 2011

Abril é o mês mais cruel

APRIL is the cruellest month, breeding



Lilacs out of the dead land, mixing


Memory and desire, stirring


Dull roots with spring rain.


Abril é o mês mais cruel, esse outono incerto

esse ar de deserto com uma garoa gelada.

Deusa Salus, que fiz eu que não nos visita mais em casa?

Volta, que precisamos de você demais, por Asclépio.

13 de abril de 2011

Paisagem Sem Vista

Manhã na cidade,
passa um homem,
andando
Passa um carro
andando
Passa um mundo de carros,
um mundo de gente,
e os ônibus cheios de gente
e de todo lado vai andando gente
daqui pra cá, e pra toda parte
sem conta,
e nos prédios se apinham
gente sobre gente
sem conta
e depressa
E a prosa não tem rumo, não tem prosa
espremida entre quatro paredes, entre as portas dum carro,
as perguntas não têm resposta, a prece muda e morta do rádio
nos guia às cegas pelos escombros baldios,
e as avenidas largas, maiores que as de babilônia,
levam aos desvãos mais escuros e mortos, sem remédio
aos becos sinistros de poeira, restos e graxa,
aos baixios do glicério onde a cidade que existe
nem se esconde, existe escura e sob a camada de luzes, cores sobre cimento das construtoras que querem normalizar o ambiente
queremos estas quadras sem rumo
mais prédios de gente
sem conta
e depressa
e seremos outros tantos
como nós
e os becos escuros existirão noutra parte
como nós