28 de fevereiro de 2013

Sombras

Temos todos certa sombra que nos segue, nos persegue, que nasce e renasce em nós. Mas outras sombras são maiores, são persistentes e pairam persistentemente sobre uma cidade, um país, um  mundo. Sob a sua sombra, acostumamos; não as percebemos, perenes como o sol.

Nesses dias muitas delas apareceram, e assustam às vezes. A ocasião de ver.

Nesses dias se matou um rapaz, um homem já feito, assim um pouco mais ou menos da minha idade, meu semelhante; esse homem quando um bebê de 1 ano e 8 meses foi torturado.

Foi submetido a tortura numa repartição pública, no DOPS aqui ao lado, logo ali na Luz, entre os bocejos e o escárnio de uma humanidade abjeta: nós. E isso nunca lhe saiu da alma; nunca terá saído da alma de tantas   pessoas que ali estiveram, que participaram, empenhando nisso algo além de suas forças. Sob a sombra. Vivem até hoje sob a sombra, sem possibilidade de expiação.

Nesses dias,  a Igreja, uma organização antiga, fechada, poderosa e com muito dinheiro, deixou entrever por uma rachadura as lutas internas que tem. O humano, o mundano que compõe o recheio daquelas torres e claustros de paredes impávidas. E o que todos supõem foi dito, mais claramente impossível, pelo ex-Papa,  que desceu do salto: não é divino, mas um miserável sujeito das contingências das disputas mesquinhas de poder, por vezes pérfidas, normalmente impiedosas. Nunca foi cordeiro, mas encarou lobos maiores. Aleluia que se mostrou homem. Mas para reconhecer-se homem ainda faltou, parece; não será dessa vez.

Temos as nossas próprias sombras ainda, e antes de jogar luz sobre elas ainda não veremos a luz sobre essas sombras maiores; não é uma questão de um dever moral exterior. Eu mesmo não exponho aqui as minhas sombras que entrevejo, lançar luz é mais sutil do que a exposição histérica, não sei bem. Mesmo o sol cega. Mas fechar os olhos é que não dá mais.

12 de fevereiro de 2013

O Ex-Papa


A história inevitável é a da renúncia do Papa, gesto inédito. Dizem que o velho Ratzinger (ou Natzinger, segundo o F2)  está cansado, mas o óbvio é - como uma pessoa que se esforçou tanto para conquistar o poder o deixa assim sem mais?
Ahriman, conforme R Steiner
Alías, se pensarmos em termos cristãos, temos de lembrar o que disse o secretário do ex-papa Woytila, o polaco - da cruz não se desce. O ex-papa deveria agradecer os achaques e tocar o barco de Pedro sabe-se lá para onde. Mas não. Renunciou, um gesto no fundo egoísta. Dr Geraldinho lhe enviará certamente um cilício, tecido no vale do Paraíba por senhoras mui santas.

Evidente que, conforme o meu gosto por teorias conspiratórias, e vendo que seria altamente improvável uma renúncia totalmente espontânea do papa, por motivos de saúde, é inevitável concluir que ele "foi saído" do trono papal. 
Tarcísio Bertone
O cardeal Tarcisio Bertone é eminente do Vaticano, desde o Papa anterior, e esteve no centro das denúncias relacionadas a escândalos financeiros, segundo consta ligado a uma loja maçônica, a P2, em um enredo que se adivinha interessante. Notem que mimoso o cardeal italiano, aliás a cara do demônio ou demiurgo Arimã, ou Ahrimam, aquele que conduz a alma à materialidade, e portanto distancia-se das coisas espirituais, segundo o vidente Rudolf Steiner (outro personagem interessante, gerou involuntariamente alguns seguidores que o colocaram num altar). Dir-se-iam irmãos de sangue; dizem que pode ser o próximo Papa.




Alô, quem tirou a foto de monsenhor Bertone em seu melhor ângulo daqui? Mistérios Vaticanos.