25 de outubro de 2010

Um Choro-Canção de desencanto

Debaixo dessa luz exagerada,
da praia de onde olhamos a cidade
estranha, já nem me espanta, meu amor,
que mintas com essa cara deslavada,
desperdiçando tuas palavras de isopor.

Tantas estórias, tantos contos
e no fim mais entretantos
que um exórdio de Moral.
As voltas dos teus ditames
ao final, meu bem, serão liames
da corda que teceste a vossos pés.

Diga-me o simples que for,
a verdade não magoa ninguém,
sem maldade, quando dita por bem,
Só assim saberei tua dor.

Larga desses planos ruminados na penumbra,
dessa falta de tato, dessa política estúpida,
desses estranhos que vêm dançar em teu salão...
Lembra de deixar ao menos um recado
se descobrires, afinal, o que procuras,
antes da vida te propor o teu final...

Não guardo mais meus antigos pergaminhos,
O vento guia meus pés pelos caminhos,
A estrada velha é nova, como o chão que vai;
Com um choro-canção de desencanto,
ninguém nota que estive chorando,
esqueça meu nome solto pelo ar...

Diz que tem ido além,
dessa terra nasceu o vazio,
quem passou a barra do rio
hoje vive por mal ou por bem.

20 de outubro de 2010

Choro antigo

Acorda ô alaúde, meu cavaco & bandola,
povoa a boca canora a canção
que sorri e murmura, e plana a meia altura
com uma certa interrogação.

Um passeio no jardim, ou mais,
quem sabe a mata ciliar em que se esconde
outra boca, outra canção, quiçá lilás,
à sombra de amenos montes, sob a relva;

Em tudo que cantas, as pedras dançam sob o rio
e os troncos sorriem, o musgo assobia sem parar
este ar, que os gafanhotos povoaram,
onde certas ninfas gostam de deitar.

Certo que procuras na barafunda de teus bolsos
uns papéis dispersos e relapsos, uns lápis rotos,
já remordidos por tuas ânsias eternais;
deixa de lado as ninharias do dinheiro,
estas bobagens todas que te envolvem
como uma noite torpe, sem visagem,
sem estrelas, apenas escuro e solidão.

Será que ouviste o conselho da andorinha
que cantava na alameda entre as árvores,
no recreio, da boléia de um landau?
Sem rumo andemos pelas ruas,
pisando as pedras banhadas pela chuva,
em conversa sub rosa ao pé de palmeira imperial.

Conversam como as águas do riacho do quintal
trombone baixo, clarinete e pandeiro,
rabeca antiga, bandolim e violão,
E eu tropeço nas melodias de antanho,
ao pé da serra que se espicha no horizonte,
e disfarço assim com um meneio
meu intento de tocar teu coração.

13 de outubro de 2010

Escalas

...Por que eu sei que tem/tanta estrela por aí...
conforme Alice

6 de outubro de 2010

O Aborto como golpe

Hoje, pessoalmente sou contra o aborto, que é terrível. Já pensei diferente.
Correu a acusação, antes de 3/10, contra Dilma, dela ser favorável ao aborto.
A acusação partiu do oponente, o José Serra, que, quando ministro da Saúde, incentivou a prática do aborto pelo SUS, nos casos em que a lei não considera crime (gravidez resultante de estupro, p.ex.).
Por isso foi alvo de críticas dos mesmos setores que agora jogou contra a Dilma.
É um gesto de uma hipocrisia nojenta. Quem é pró-vida deve saber quem é, afinal, José Serra.

5 de outubro de 2010

A volta da volta

Falando de novo dessa eleição, esse despacho nefasto, este pacote ridículo, mas não dá pra não dizer.
O seguinte: nada de me encantar com Dilma, longe disso. Nada de achar graça nas lérias do Lula, Deus me livre.
Mas a farsa é muita, o outro candidato decididamente é repulsivo. E fascista. E autoritário.
Vendendo um peixe podre há muito tempo; eis a "jestão" tucana: