28 de dezembro de 2011

Serão esses os tais bandidos de toga?

Juiz dirige embriagado, arruma confusão, acaba na Delegacia.

O Juiz logo seria promovido a desembargador, a confusão não atrapalhou; de fato, a promoção aconteceu.

O Delegado que o deteve na ocaisão da bebedeira não teve a mesma sorte: foi exonerado, não tendo sido confirmado no estágio probatório.

Engraçado que no caso o processo do estágio probatório já contava com pareceres negativos, três, passou pela Casa Civil e foi parar na mesa do Governador um mês antes do fim do estágio probatório.

Deve ser um novo recorde de velocidade em processos dessa espécie.

Porque o processo do sujeito que deteve o Juiz correu como quem viu assombração?

Será possível que por artes macabras o fato de S Excia ser natural de Garanhuns e habitante de São Bernardo do Campo pode ter algo a ver?

Deu na Folha:

O delegado Frederico Costa Miguel, 31, foi exonerado da Polícia Civil de São Paulo. A exoneração, assinada pelo governador Geraldo Alckmin (PSDB), foi publicada ontem (27) no "Diário Oficial".



Há 80 dias, Miguel acusou Francisco Orlando de Souza, magistrado do Tribunal de Justiça, de dirigir sem habilitação, embriaguez ao volante, desacato, desobediência, ameaça, difamação e injúria.

O governo nega qualquer relação entre a exoneração do delegado e o incidente.

Souza discutiu no trânsito com um motorista e ambos pararam no 1º DP de São Bernardo do Campo (ABC Paulista) para brigar, mas foram impedidos pelo então delegado.


Apesar da repercussão, o caso não foi investigado pela Corregedoria da Polícia Civil. Dez dias após o incidente, o juiz foi promovido a desembargador pelo TJ.


Por conta do caso, o presidente do TJ paulista, José Roberto Bedran, pediu para a Secretaria da Segurança Pública criar a função de "delegado especial" para cuidar de casos envolvendo juízes. O pedido não foi atendido.


"Estou surpreso com a exoneração. Não sei os motivos da decisão do governador e não tive direito de defesa", disse o ex-delegado.


Segundo o ato, Miguel foi exonerado por não ser aprovado no estágio probatório de três anos. Ele chegaria ao fim dessa fase em 30 de janeiro.

Desde 2008, quando entrou na polícia, Miguel foi alvo de três apurações na Corregedoria. Em todas, ele obteve pareceres favoráveis.


Miguel era plantonista quando apartou a briga, em outubro. Segundo o delegado, o juiz gritou várias vezes: "Você não grita assim comigo, não! Eu sou um juiz!".


O desembargador afirmou ontem que não sabia da exoneração e que "tudo não passou de um mal-entendido".


Souza disse ainda ser alvo de apuração na Corregedoria do TJ. A assessoria do órgão disse não ter acesso aos documentos da investigação "porque ela é sigilosa e por conta do recesso do Judiciário".


ESTÁGIO


O governador Geraldo Alckmin (PSDB), por meio de sua assessoria, disse que "a exoneração de Frederico Costa Miguel seguiu a lei sobre estágio probatório de delegados de polícia".


"A decisão segue recomendação do Secretário da Segurança Pública [Antonio Ferreira Pinto], por sua vez fundamentada em três pareceres distintos: do Conselho da Polícia Civil, do Delegado-Geral de Polícia e da Consultoria Jurídica da Secretaria da Segurança Pública", diz a nota.

"Após processo administrativo, no qual o servidor teve assegurado o contraditório e a ampla defesa, as três instâncias concluíram que o delegado não podia ser confirmado na função diante dos fatos ocorridos em agosto de 2010 e janeiro de 2011 [três investigações contra Miguel]", continuou a nota.

Segundo a nota, o ex-delegado demonstrou falta de equilíbrio, prudência, bom senso e discernimento. A nota não diz quantos delegados são exonerados por ano na fase probatória.

 
Má época para tal notícia, hein Dra. Eliana Calmon?
 
Mais no Flit Paralisante

27 de dezembro de 2011

não vou por aí

No mais é ler, meus amigos, o Cântico Negro:


"Vem por aqui" — dizem-me alguns com os olhos doces


Estendendo-me os braços, e seguros

De que seria bom que eu os ouvisse

Quando me dizem: "vem por aqui!"

Eu olho-os com olhos lassos,

(Há, nos olhos meus, ironias e cansaços)

E cruzo os braços,

E nunca vou por ali...

A minha glória é esta:

Criar desumanidades!

Não acompanhar ninguém.

— Que eu vivo com o mesmo sem-vontade

Com que rasguei o ventre à minha mãe

Não, não vou por aí! Só vou por onde

Me levam meus próprios passos...

Se ao que busco saber nenhum de vós responde

Por que me repetis: "vem por aqui!"?





Prefiro escorregar nos becos lamacentos,

Redemoinhar aos ventos,

Como farrapos, arrastar os pés sangrentos,

A ir por aí...

Se vim ao mundo, foi

Só para desflorar florestas virgens,

E desenhar meus próprios pés na areia inexplorada!

O mais que faço não vale nada.





Como, pois, sereis vós

Que me dareis impulsos, ferramentas e coragem

Para eu derrubar os meus obstáculos?...

Corre, nas vossas veias, sangue velho dos avós,

E vós amais o que é fácil!

Eu amo o Longe e a Miragem,

Amo os abismos, as torrentes, os desertos...





Ide! Tendes estradas,

Tendes jardins, tendes canteiros,

Tendes pátria, tendes tetos,

E tendes regras, e tratados, e filósofos, e sábios...

Eu tenho a minha Loucura !

Levanto-a, como um facho, a arder na noite escura,

E sinto espuma, e sangue, e cânticos nos lábios...

Deus e o Diabo é que guiam, mais ninguém!

Todos tiveram pai, todos tiveram mãe;

Mas eu, que nunca principio nem acabo,

Nasci do amor que há entre Deus e o Diabo.





Ah, que ninguém me dê piedosas intenções,

Ninguém me peça definições!

Ninguém me diga: "vem por aqui"!

A minha vida é um vendaval que se soltou,

É uma onda que se alevantou,

É um átomo a mais que se animou...

Não sei por onde vou,

Não sei para onde vou

Sei que não vou por aí!

25 de dezembro de 2011

ninguém nasce de fora pra dentro

A truculência dos desejos, os gritos e as risadas, os rojões e a champanhe afugentaram o espírito, que só se revelou na palha do estábulo, entre os bichos, seus pais em fuga, sem ter pra onde ir.

19 de dezembro de 2011

O fim de alguma coisa

Hoje de manhã esbarro inesperadamento com o Grifo, o que sempre é assustador, dado que ele tem mais de 3 metros de altura.
Foi na Boca, nas cercanias da rua Vitória; Ó Grifo, perguntei, o que fazes por aqui?
Disse o monstro que cuidava duns assuntos. Não insisti.
Algo está para acabar, disse de repente com voz sibilina; mas o que, Grifo, vai acabar?
Em tom profético, o Grifo disse gravemente:
- A Copa do Mundo do Brasil marcará o fim do futebol brasileiro como referência em arte e cultura de massa. O Jogo irá perder um dos encantos. Depois serão outros jogos os preferidos, talvez essa matança de que as pessoas gostam, esse combate cruel de vale-tudo.
- Você diz a última febre, o aclamado Ultimate Fighting? Nada mais chique, meu caro Grifo, no meu tempo tínhamos a Múmia contra Fantômas, nem sabíamos como éramos declassées...
Nem ouviu o Grifo ao meu comentário atualizado, o Grifo quando em transes proféticos não é um conversador agradável.
- Pois digo que em 1950 o Brasil perdeu a Copa, e  depois tornou-se o dono do Jogo, o Mestre; agora, ainda mais se ganhar essa Copa, então veremos a decadência final do futebol brasileiro. Mas se perder também. Se bem que o demônio da simetria esconde-se nos desvãos da história. Mais dez anos e nenhuma criança quererá jogar bola no quintal.
- Mas já jogam só no videogame, ô Grifo, ia eu dizendo, quando a ave levantou súbito vôo.
Já estávamos perto da cracolândia, ninguém deu importância ao fato do animal alado sair voando assim sem mais. Só eu que o xinguei em silêncio.
Depois fiquei embatucado com o tom profético do Grifo. Será que a ave monstruosa teria razão, no final?

12 de dezembro de 2011

Ode à burrice

Tenho estado farto dos bem aventurados, dos iluminados, daqueles que acreditam em sua própria voz sem duvidar por um instante que seja. Tenho estado farto daqueles que querem me convencer, com ou sem tapinha nas costas, que o melhor é ceder minha carteira, eles têm certeza do caminho, prometem novo dia desde que acreditemos, desde que tenhamos a cartilha e saibamos entoar a melodia do coro dos contentes. Estou muito puto com os indignados que desfilam sua coreografia enquanto outros passam a mala preta entre a assistência satisfeita; estou por aqui com quem conta estórias róseas e arrota moralidades brandas, ao agredir com o que tiver na mão quem quer que pergunte afinal, para que tal espetáculo grotesco?