17 de julho de 2008

O Ovo

Um sujeito de suspensórios e cabelo escorrido na testa, vejamos, calças largas e barriga mais que razoável; este sujeito, alcunhado Ovo Frito, era o centro do universo. De longe, assim parado numa praça da cidade, via as coisas acontecerem à sua volta, espetáculos que se ofereciam.

Sentia que por sua causa tudo se movia, as folhas das árvores e os cães e os carros. Talvez isso lhe desse aquela satisfação bonachona, de mínimos movimentos.

Certo dia, declarou que era um dos justos que sustentam o mundo, e evitam que Alá fulmine a humanidade ímpia; preocupado, levei-o à tenda dos trancendentalistas; os sábios o examinaram e disseram que havia muita chance de ser mesmo verdade. Fiquei transtornado; nunca mais volto a consultar essa sorte de cambistas do além. Ainda me incomoda a noção de que minha existência depende de alguém como o Ovo Frito.

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