Em Outras Inquisições, Jorge Luis Borges conta essa história, que há de querer dizer alguma coisa. Aprendemos que o Buda foi canonizado santo cristão. E nós que achávamos que sincréticos eram os outros. Mas antes é preciso conhecer a história do príncipe Gautama, que se tornou o Buda.
"No início do século VII, um monge cristão escreveu o romance intitulado Barlaão e
Josafá; Josafá (Josafat -- Bodhisattva) é filho de um rei da índia; os astrólogos
predizem que ele reinará sobre um reino maior, que é o da Glória; o rei confina-o em
um palácio, mas Josafá descobre o infortúnio da condição humana na figura de um
cego, de um leproso e de um moribundo e, por fim, é convertido à fé pelo ermitão
Barlaão. Essa versão cristã da lenda foi traduzida para muitos idiomas,
inclusive o holandês e o latim; a pedido do Haakon Haakonarson, foi composta
na Islândia, em meados do século XIII, uma Barlaams Saga. O cardeal César
Barônio incluiu Josafá em sua revisão (1585-1590) do Martirológio Romano;
em 1615, Diogo do Couto denunciou, em sua continuação das Décadas, as
analogias da falsa fábula indiana com a verdadeira e piedosa história de São
Josafá. Tudo isso e muito mais o leitor poderá encontrar no primeiro volume de
Orígenes de la Novela, de Menéndez y Pelayo."
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