O setor econômico que mais irriga a corrupção do Estado é o tráfico de drogas. Exatamente porque depende da complacência do agente público para continuar a existir; a polícia conhece os pontos de venda de droga. A polícia conhece o distribuidor. A polícia conhece o atacadista e o produtor.
Mas sabe agir na repressão ao consumidor individual. Até na universidade, como vimos.
Num certo sentido, faz lembrar o sistema tributário brasileiro; sem ironias, mostra muito bem o funcionamento da nossa sociedade. A ação deletéria para o povo, o coméricio de drogas, é levada a cabo com a cumplicidade do Estado, que é pilhado e invadido pelo poder da corrupção.
O único a sofrer sanção no processo é o povo, na pessoa dos compradores, usuários de droga, que não são párias; esses são reprimidos ocasionalmente, para mostrar que aqui a lei é cumprida.
O confisco de 50% do faturamento supera qualquer alíquota existente no Brasil.
A legalização é a única saída, antes que os próprios agentes públicos (será que já não aconteceu?) tomem a frente e posicionem-se como os próprios responsáveis pelo negócio.
O comerciante de drogas ficará sujeito a todas as posturas e regulamentos possíveis, e recolherá o devido aos cofres públicos, não alimentará a cadeia da corrupção. Leiamos a notícia:
"Num longo depoimento na sede da Polícia Federal na madrugada de quinta-feira, acompanhado por um grupo restrito de policiais federais, o traficante Antônio Bonfim Lopes, o Nem, chefe do tráfico na Rocinha, preso na quarta-feira na Lagoa , afirmou que metade de tudo que faturava com a venda de drogas era entregue a policiais civis e militares da banda podre. A propina gorda seria entregue a numerosos agentes públicos. O traficante deu detalhes, inclusive datas, de casos de extorsão. Ainda no depoimento, o criminoso afirmou que, devido às constantes extorsões, em alguns períodos seu faturamento era zero. Segundo algumas estimativas da Polícia Civil, não confirmadas no depoimento, o bandido faturava mais de R$ 100 milhões por ano.
- Metade do dinheiro que eu ganhava era para o "arrego" (gíria para propina) - afirmou Nem.
O secretário de Segurança, José Mariano Beltrame, disse em entrevista ao "RJ-TV", da TV Globo, que gostaria muito que Nem falasse mesmo o que sabe, por conhecer "a arquitetura do tráfico de drogas e como são os meandros da corrupção".
Evidente que o ilustre Nem, empresário bem sucedido, não poderá falar mais de 20% do que sabe.
11 de novembro de 2011
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