Estive ontem em um pedaço da manifestação que andou por toda cidade. Da Faria Lima à Água Espraiada, subindo pela Santo Amaro em direção à Paulista. Um pedaço mesmo, caminhei um pouco com o pessoal. O que vi: pessoal jovem em absoluta maioria. Eu era um tiozão obviamente. O tiozão da manifestação. Entrei na fila na Água Espraiada, abaixo da Avenida Portugal, dobrei a Santo Amaro e fui até Moema, de onde voltei a pé, ainda mais que sem um puto no bolso, só com chaves e o telefone, nem o busão a 3,20 poderia pegar. Conversei com uns e outros. O que ouvi: resistência aos partidos, embora tenha visto uma bandeira (pequena) do PSTU. Era muita gente, como todos já sabem. Uma moça me disse: "A Dilma tá perdida. Nós não vamos eleger a Dilma". Alguns têm consciência do peso político. Uma pessoa mais da minha faixa etária engatou um papo comigo, vendo que eu andava puxando conversa. Disse que a manifestação era sobre tudo, era contra o Mensalão, contra a corrupção, a amante do Lula. Aquela Rosimeire. E percebo que sou irremediavelmente irônico. Eu era realmente um estranho na tal manifestação.
Av. Santo Amaro, perto do viaduto da Bandeirantes |
Vamos a meus pensamentos sobre ela, porque é disso que estou escrevendo: muita gente já disse, o foco está disperso, tem muita gente oferecendo bandeira ao movimento. PEC 37, copa do mundo, cadeia para os "mensaleiros" - esta, sugestão do comandante da PM. Existe um desejo de unidade das pessoas e uma pluralidade de intérpretes do movimento, ouvi uma jornalista hoje, falando desde os EUA, dizendo que o movimento era isso e aquilo. Ora, minha senhora, se a gente aqui não sabe...
Os partidos perderam o bonde, obviamente, da representação. E essa manifestação é um esboço sem jeito de uma maneira qualquer de ter representação política. Não me sai da cabeça também a velha paranóia, de que o movimento tem maior organização do que quer aparentar. Pra dizer de uma vez, o medo do golpe.
Depois, em casa, assisti com a Sandra os dois representantes do Passe Livre no Roda Viva, bons, bem articulados, mantendo o foco na redução da tarifa de ônibus.
O F2, que é das internas nesse negócio de anarquismo, mostra que tem um pessoal muito puto com o escamoteamento do conflito na manifestação de ontem. Não deixam de ter certa razão. Por outro lado, a quem interessa a desestabilização, qual o fruto maduro pra ser colhido se essa árvore for chacoalhada? Tem sempre raposas espertas prontas a tirar proveito da radicalização. Enfim, muita incerteza, e alguma estranheza num movimento que, mesmo nas internas, debate-se tentando entender a que veio.
3 comentários:
Tiozão, o tiozim Ubaldo continua achando tudo muuuuuuito estranho. Tem neguin falando de greve geral, de derrubar a Dilma, o Alckmin e o Hadad...Tem tb gente lembrando que faltou o povo (leia-se - pobres) nas manifestações.E, realmente, só no jornaldaglobosta ontem, quase de madrugada, alguma notícia sobre os eventos no Rio e os mané no (hahaha) Palhaço do Governo, em SP. Já tem gente também falando em cagar(literalmente), no congresso. Ubaldo está aqui, encolhido na poltrona, vendo aranhas nas paredes, sem ácido nenhum!
Tiozão, o tiozim Ubaldo está aqui encolhido na poltrona, vendo aranhas nas paredes (sem ácido nenhum), pois tudo é muuuuuito estranho. Tem gente falando em greve geral (chegamos à bolívia!!!), em derrubar a Dilma, o Alckmin, o Hadad, o Pelé e o Blater...Tem também gente que cobra a presença do POVO (leia-se - pobres) nas manifestações, assim como gente sugerindo cagar (literalmente) no congresso. A violência de ontem, virou notícia hoje, prá felicidade de F2...Mas ainda não entendo prá que.Sempre grifo!Ah, definitivamente, não sou um robot (vide Krafwerk).
Tem gente não entende, e acaba não querendo ver, a pluralidade que constituem os vários pensamentos humanos. Nem o alcance da própria imaginação.
E Rui felicidade com treta foi sacanagem, aí tu tá me chamando de imbecil.
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