31 de maio de 2010
Espasmodicção
Enfinalmente, atribulemo-nos uns, outros, vice versa e mútuo modo, encastripulados em insaniacidade espalhasfaltada em planalto, orgulhossada de cimentalicaibros e carrossários estacionados nas avenidas sobrepostas, em contínuo motu mudo, versi viça.
Postado por
mvacker@gmail.com
às
12:20
11 de maio de 2010
10 de maio de 2010
O que me alegra numa 2ª de manhã
Segunda feira de manhã, de frio e garoa, dia de pegar trânsito na Av. Ibirapuera e 23 de Maio até a Sé, sair correndo de casa, o que me alegra nessa manhã quase funesta?
Ligar o rádio na CBN e ouvir o locutor anunciar o Grande Guia de Povos José Serra, entrevista ao vivo.
Ah, que alegria. Começa a entrevista e o Serra está cordato, amável, todo adestrado, calminho que parece que tomou Rohypnol. Agora também ele escande as sílabas no final das frases que nem o Alckmim. O adestrador deve ser o mesmo.
Logo o Heródoto pergunta se ele é de esquerda, e o bicho já rosna, quer inverter a pergunta, fica contrariado. Mas acalma. Nos bastidores, alguém dá um biscoito pra ele. Segue a entrevista. Daqui a pouco, perguntam do Banco Central, aí pronto, o homem ficou nervoso, cortou a entrevistadora, e começou a babar e a agredir quem estivesse por perto, uma flor de pessoa desabrochando em sua plenitude.
Isso jogando em casa, numa emissora das "organizações Globo", com jornalistas amistosos. Ah, que alegria! Saí do carro dando risada, durante um ataque de apoplexia do nosso candidato, nosso lá deles, bem entendido.
Ligar o rádio na CBN e ouvir o locutor anunciar o Grande Guia de Povos José Serra, entrevista ao vivo.
Ah, que alegria. Começa a entrevista e o Serra está cordato, amável, todo adestrado, calminho que parece que tomou Rohypnol. Agora também ele escande as sílabas no final das frases que nem o Alckmim. O adestrador deve ser o mesmo.
Logo o Heródoto pergunta se ele é de esquerda, e o bicho já rosna, quer inverter a pergunta, fica contrariado. Mas acalma. Nos bastidores, alguém dá um biscoito pra ele. Segue a entrevista. Daqui a pouco, perguntam do Banco Central, aí pronto, o homem ficou nervoso, cortou a entrevistadora, e começou a babar e a agredir quem estivesse por perto, uma flor de pessoa desabrochando em sua plenitude.
Isso jogando em casa, numa emissora das "organizações Globo", com jornalistas amistosos. Ah, que alegria! Saí do carro dando risada, durante um ataque de apoplexia do nosso candidato, nosso lá deles, bem entendido.
Postado por
mvacker@gmail.com
às
09:21
9 de maio de 2010
Das "Bagatelas", de Lima Barreto
Leia o original, que é muito melhor, na Brasiliana, daquele plutocrata judeu.
São Paulo e os estrangeiros
Quando, em 1889, o Sr. marechal Deodoro proclamou a República, eu era menino de oito annos.
Embora fosse tenra a edade em que estava, dessa época e de algumas
anteriores eu tinha algumas recordações. Das festas por occasião
da passagem da lei de 13 de maio ainda tenho vivas recordações;
mas da tal historia da proclamação da Republica só me lembro
que as patrulhas andavam, nas ruas, armadas de carabinas e meu
pai foi, alguns djas depois, demittido do logar que tinha.
E e so.
Si alguma cousa eu posso accrescentar a essas reminiscençias
é de que a physionomia da cidade era de estupor e de temor.
Nascendo, como nasceu, dóm esse aspecto de terror, de vio-t
lertcia, ella vae aos poucos accentuando as feições que já trazia no
berço. *
Não quero falar aqui de levantes, de revoltas, de motins, que
são, de todas as coisas violentas da politica, em geral, as mais innocentes
talvez.,
Ha uma outra violência que é constante, seguida, tenaz e não
espasmodica e passageira como as das rebelliões de que falei.
Refiro-me á acção dos plutocratais, da sua influencia seguida,
constante, diurna e nocturna, sobre as leis e sobre os governantes,
em prol do seu insaciável enriquecimento.
A Republica, mais do que o antigo regimen, accentuou esse poder
do dinheiro, sem íreio moral de espécie alguma; e nunca os argentarios
do Brasil se fingiram mais religiosos do que agora e tiveram
da egreja mais apoio.
Em outras épocas, no tempo do nosso império regalista, sceptico
e voltereano, os ricos, mesmo quando senhores de escravos, tinham,
em geral, a concepção de que o poder do dinheiro não era
illimitado e o escrúpulo de consciência de que, para augmentar as
suas fortunas, se devia fazer uma escolha dos meios.
Mas veiu a Republica e o ascendente nella da politica de São
Paulo fez apagar-se toda essa. fraca disciplina moral, esse freio na
consciência dos que possuem fortuna. Todos os meios ficaram sendo
bons para se chegar a ella e augmental-a desmarcadamente.
Protegidos, devido a circumstancias que me escapam, por uma
alta fabulosa no preço da arroba de café, de que, após a Republica,
— 16 —
os ricaços da Paulicéa se fizeram os principaes productores, puderam
elles melhorar os seus serviços públicos e ostentar, durante algum
tempo, uma magnificência que parecia fortemente estabelecida.
Seguros de que essa gruta alibabesca do café a quarenta mil reis
a arroba não tinha conta em thesouros, trataram de attrair para as
suas lavouras immigrantes, espalhando nos paizes de emigração folhetos
de propaganda em oue o clima do Estado, a facilidade de arranjar
fortuna nelle, as garantias legaies — tudo, emfim. era excellente
e excepcional.
A esperança é forte nos governos, quer aqui, quer na Itália
ou na Hespanha; e desses dois últimos paizes, em chusma, accorreram
famílias inteiras e milhares de indivíduos isolados, em busca
da abastança, que os homens do Estado diziam ser fácil de obter.
A gente que o vem dominando ha cerca de trinta annos ecthiase
de contentamento e até estabeleceu a exclusão, da sua-policia de
gente com sangue negro nas veias.
A producção do café, porém, foi transpondo o limite do consumo
universal e a descer de preço, portanto; e os dogés do Tietê
começaram a encher-se de susto e a inventar palliativos e remédios
de feitiçaria, para evitar a depreciação.
Um dos primeiros lembrados foi a prohibição do plantio de
mais um pé de café que fosse.
Esta sábia disposição legislativa tinha antecedentes em certos
alvarás ou cartas regias do tempo da colônia, nos quaes se prohibiam
certas culturas que fizessem concorrência ás especiarias da índia,
e também o estabelecimento de fabricas de tecidos de lã e mesmo de
officinas de artefactos de ouro para não tirar a freguezia dos do
reino.
Que progresso administrativo !
Os palliativos, porém não deram em nada e um judeu allemão
ou americano inventou a tal .historia da valorisação com que a gente
de S. Paulo taxou mais fortemente os agricultores e favoreceu os
grandes e poderosos, nas suas especulações.
A situação interna principiou a ser horrível, a vida cara, emquanto
os salários eram mais ou menos os mesmos anteriores O
descontentamento se fez e os pobres começaram a ver que, emquanto
elles ficavam mais pobres, os ricos ficavam mais ricos.
Os governantes do Estado, que influiam quasi soberanamente
nas decisões da União, deixaram de fazer a tal propaganda do Estado
no estrangeiro, mas augmentaram a policia, para a qual adquiriram
instructores e mortíferas metralhadoras e deram em excommungar
estrangeiros a que chamam de anarchistas, de inimigos da ordem
social, esquecidos de que andavam antes, a proclamar que a elegância
da sua capita), os seus lambrequins, as suas fanfreluches eram devidas
a elles, sobretudo aos italianos. A influencia dos estrangeiros,
diziam, fez de S. Paulo a única coisa decente do Brasil. E todos a
acceitaram porque os dominadores de S. Paulo sempre se esforçaram
por esconder as dilapidações ou coisas parecidas, convencendo
os seus patrícios de que o Estado, a sua capital, sobretudo, era coisa
nunca vista.
Não havia um casarão burguez com umas columnas ou uns
vitraes baratos, que elles logo não proclamassem aquillo, o castello
de Chenonceaux ou o palácio dos Doges.
Tudo o que havia em S. Paulo não havia em parte alguma do
Brasil. A sua capital era uma cidade européa e a capital artística
do paiz.
Entretanto, a antiga provincia não dava, a não ser o Sr. Ramos
de Azevedo, um grande nome ao paiz em qualquer departamento
de arte.
Não contentes de prodfcmar isto dentro do Estado, começaram
a subvencionar jornaes e escriptores de todo o paiz para espalharem
tão pretenciosas affirmações, que o povo do Estado recebia
como artigos de fé a fazer respeitar o "trust" político que o explorava
ignobilmente. "Vanitas vanitatum"...
Seguros de que a opinião os apoiava, porque tinham feito o
Estado o primeiro do Brasil, os políticos profissionaes de S. Paulo
trataram de abafar as criticas dos estrangeiros descontentes ou com
opiniões avançadas, a todos, emfim, que não se deixavam embair
com a tal historia da capital artística e cidade européa.
Os estrangeiros, agora, já não serviam e elles queriam livrar-se
do incommodo que os forasteiros lhes davam criticando-lhes os actos,
a sua cupidez, o esquecimento dos seus deveres de governantes
para só protegerem os ricaços, os monopolistas, que eram também
estrangeiros, mas não no ponto de vista do governo estadpal, que só
julga assim aquelles que não partilham a opinião de que elle é o
mais sábio do mundo e affirmam que, em vez de estar fazendo a felicidade
geral, está concorrendo para .enriquecer os seus filhos, seus
genros, seus primos, seus netos e afilhados e os plutocratas ávidos.
Trataram logo de se armar de leis que fizessem abafar os
seus gemidos ; uma dellas é a celebre de exportação que não se
coaduna com o espirito da nossa Constituição; que é inconseqüente
com a propaganda feita por nós para attrair estrangeiros, que podem
e-devem fiscalisar as nossas coisas, pois nós os chamamos e
elles suam por ahi. -
, Sem mais querer dizer, podemos af firmar que todo o nosso mal
estar actual, todo o cynismo dos especulado/es com a guerra, inclu-
. sivel Zé Bezerra e Pereira Lima, vêm desse, maléfico espirito de
cupidez de riqueza com que S. Paulo infecciònou o Brasil, tacitamente
admittindo não se dever respeitai qualquer escrúpulo, fosse
dessa ou daquella ordem, para obtel-as, nem mesmo o de levar em
conta o esforço, a dignidade^e o trabalho dos immigrantes, os quaes
só lhe servem quando curvam a cerviz á sua deshumana ambição
chrematistica.
•1917.
São Paulo e os estrangeiros
Quando, em 1889, o Sr. marechal Deodoro proclamou a República, eu era menino de oito annos.
Embora fosse tenra a edade em que estava, dessa época e de algumas
anteriores eu tinha algumas recordações. Das festas por occasião
da passagem da lei de 13 de maio ainda tenho vivas recordações;
mas da tal historia da proclamação da Republica só me lembro
que as patrulhas andavam, nas ruas, armadas de carabinas e meu
pai foi, alguns djas depois, demittido do logar que tinha.
E e so.
Si alguma cousa eu posso accrescentar a essas reminiscençias
é de que a physionomia da cidade era de estupor e de temor.
Nascendo, como nasceu, dóm esse aspecto de terror, de vio-t
lertcia, ella vae aos poucos accentuando as feições que já trazia no
berço. *
Não quero falar aqui de levantes, de revoltas, de motins, que
são, de todas as coisas violentas da politica, em geral, as mais innocentes
talvez.,
Ha uma outra violência que é constante, seguida, tenaz e não
espasmodica e passageira como as das rebelliões de que falei.
Refiro-me á acção dos plutocratais, da sua influencia seguida,
constante, diurna e nocturna, sobre as leis e sobre os governantes,
em prol do seu insaciável enriquecimento.
A Republica, mais do que o antigo regimen, accentuou esse poder
do dinheiro, sem íreio moral de espécie alguma; e nunca os argentarios
do Brasil se fingiram mais religiosos do que agora e tiveram
da egreja mais apoio.
Em outras épocas, no tempo do nosso império regalista, sceptico
e voltereano, os ricos, mesmo quando senhores de escravos, tinham,
em geral, a concepção de que o poder do dinheiro não era
illimitado e o escrúpulo de consciência de que, para augmentar as
suas fortunas, se devia fazer uma escolha dos meios.
Mas veiu a Republica e o ascendente nella da politica de São
Paulo fez apagar-se toda essa. fraca disciplina moral, esse freio na
consciência dos que possuem fortuna. Todos os meios ficaram sendo
bons para se chegar a ella e augmental-a desmarcadamente.
Protegidos, devido a circumstancias que me escapam, por uma
alta fabulosa no preço da arroba de café, de que, após a Republica,
— 16 —
os ricaços da Paulicéa se fizeram os principaes productores, puderam
elles melhorar os seus serviços públicos e ostentar, durante algum
tempo, uma magnificência que parecia fortemente estabelecida.
Seguros de que essa gruta alibabesca do café a quarenta mil reis
a arroba não tinha conta em thesouros, trataram de attrair para as
suas lavouras immigrantes, espalhando nos paizes de emigração folhetos
de propaganda em oue o clima do Estado, a facilidade de arranjar
fortuna nelle, as garantias legaies — tudo, emfim. era excellente
e excepcional.
A esperança é forte nos governos, quer aqui, quer na Itália
ou na Hespanha; e desses dois últimos paizes, em chusma, accorreram
famílias inteiras e milhares de indivíduos isolados, em busca
da abastança, que os homens do Estado diziam ser fácil de obter.
A gente que o vem dominando ha cerca de trinta annos ecthiase
de contentamento e até estabeleceu a exclusão, da sua-policia de
gente com sangue negro nas veias.
A producção do café, porém, foi transpondo o limite do consumo
universal e a descer de preço, portanto; e os dogés do Tietê
começaram a encher-se de susto e a inventar palliativos e remédios
de feitiçaria, para evitar a depreciação.
Um dos primeiros lembrados foi a prohibição do plantio de
mais um pé de café que fosse.
Esta sábia disposição legislativa tinha antecedentes em certos
alvarás ou cartas regias do tempo da colônia, nos quaes se prohibiam
certas culturas que fizessem concorrência ás especiarias da índia,
e também o estabelecimento de fabricas de tecidos de lã e mesmo de
officinas de artefactos de ouro para não tirar a freguezia dos do
reino.
Que progresso administrativo !
Os palliativos, porém não deram em nada e um judeu allemão
ou americano inventou a tal .historia da valorisação com que a gente
de S. Paulo taxou mais fortemente os agricultores e favoreceu os
grandes e poderosos, nas suas especulações.
A situação interna principiou a ser horrível, a vida cara, emquanto
os salários eram mais ou menos os mesmos anteriores O
descontentamento se fez e os pobres começaram a ver que, emquanto
elles ficavam mais pobres, os ricos ficavam mais ricos.
Os governantes do Estado, que influiam quasi soberanamente
nas decisões da União, deixaram de fazer a tal propaganda do Estado
no estrangeiro, mas augmentaram a policia, para a qual adquiriram
instructores e mortíferas metralhadoras e deram em excommungar
estrangeiros a que chamam de anarchistas, de inimigos da ordem
social, esquecidos de que andavam antes, a proclamar que a elegância
da sua capita), os seus lambrequins, as suas fanfreluches eram devidas
a elles, sobretudo aos italianos. A influencia dos estrangeiros,
diziam, fez de S. Paulo a única coisa decente do Brasil. E todos a
acceitaram porque os dominadores de S. Paulo sempre se esforçaram
por esconder as dilapidações ou coisas parecidas, convencendo
os seus patrícios de que o Estado, a sua capital, sobretudo, era coisa
nunca vista.
Não havia um casarão burguez com umas columnas ou uns
vitraes baratos, que elles logo não proclamassem aquillo, o castello
de Chenonceaux ou o palácio dos Doges.
Tudo o que havia em S. Paulo não havia em parte alguma do
Brasil. A sua capital era uma cidade européa e a capital artística
do paiz.
Entretanto, a antiga provincia não dava, a não ser o Sr. Ramos
de Azevedo, um grande nome ao paiz em qualquer departamento
de arte.
Não contentes de prodfcmar isto dentro do Estado, começaram
a subvencionar jornaes e escriptores de todo o paiz para espalharem
tão pretenciosas affirmações, que o povo do Estado recebia
como artigos de fé a fazer respeitar o "trust" político que o explorava
ignobilmente. "Vanitas vanitatum"...
Seguros de que a opinião os apoiava, porque tinham feito o
Estado o primeiro do Brasil, os políticos profissionaes de S. Paulo
trataram de abafar as criticas dos estrangeiros descontentes ou com
opiniões avançadas, a todos, emfim, que não se deixavam embair
com a tal historia da capital artística e cidade européa.
Os estrangeiros, agora, já não serviam e elles queriam livrar-se
do incommodo que os forasteiros lhes davam criticando-lhes os actos,
a sua cupidez, o esquecimento dos seus deveres de governantes
para só protegerem os ricaços, os monopolistas, que eram também
estrangeiros, mas não no ponto de vista do governo estadpal, que só
julga assim aquelles que não partilham a opinião de que elle é o
mais sábio do mundo e affirmam que, em vez de estar fazendo a felicidade
geral, está concorrendo para .enriquecer os seus filhos, seus
genros, seus primos, seus netos e afilhados e os plutocratas ávidos.
Trataram logo de se armar de leis que fizessem abafar os
seus gemidos ; uma dellas é a celebre de exportação que não se
coaduna com o espirito da nossa Constituição; que é inconseqüente
com a propaganda feita por nós para attrair estrangeiros, que podem
e-devem fiscalisar as nossas coisas, pois nós os chamamos e
elles suam por ahi. -
, Sem mais querer dizer, podemos af firmar que todo o nosso mal
estar actual, todo o cynismo dos especulado/es com a guerra, inclu-
. sivel Zé Bezerra e Pereira Lima, vêm desse, maléfico espirito de
cupidez de riqueza com que S. Paulo infecciònou o Brasil, tacitamente
admittindo não se dever respeitai qualquer escrúpulo, fosse
dessa ou daquella ordem, para obtel-as, nem mesmo o de levar em
conta o esforço, a dignidade^e o trabalho dos immigrantes, os quaes
só lhe servem quando curvam a cerviz á sua deshumana ambição
chrematistica.
•1917.
Postado por
mvacker@gmail.com
às
12:01
7 de maio de 2010
A máquina paródica do Grifo - VII
Entramos. Na penumbra não se via muita coisa; os passos do outro lado da porta cada vez mais distantes. Éramos conduzidos por corredores escuros, de quando em quando ofuscados pelas eventuais janelas que se abriam. Os passos metálicos ecoavam. Havia capotes verdes e bonés militares. Entrevi na penumbra uma pistola na cintura de uma mulher de cabelos presos no topo da cabeça.
O labirinto de corredores nos levou enfim a outro galpão, ampla caverna subterrânea. A luz difusa não vinha de fontes artificiais, vinha do teto, como que permeável. E no entanto eu tinha certeza de que havíamos descido; devíamos estar abaixo do nível do chão.
O Grifo caminhava sobre duas pernas, as asas encolhidas; eu estava curioso; detido, mas nossos guardas pareciam até respeitosos. Quis até ensaiar um sorriso para uma loirinha ajeitada, de uniforme militar – teria eu um fraco por uniformes? Passávamos por estruturas metálicas incompreensíveis, em meio a tubulações que davam voltas e subiam para o teto altíssimo.
Súbito, uma mesa, um homem grisalho sentado diante dela, de óculos de aro fino sobre o nariz; olhou-nos sobre as lentes, com um esboço de sorriso: - Chegaram, afinal!
Havia duas cadeiras, sentamo-nos como se fosse o esperado. A escolta sumira em silêncio.
O homem usava uniforme, com galões e estrelas; magro, nos encarava com olhos grandes, com um quarto de sorriso, que aumentou quando começou a falar, encarando o Grifo inicialmente.
- Então são vocês. Têm idéia do que estão fazendo?
o que acontecerá com nossos heróis?
=+=+=+=+=+=+=+=+=+=+=+=+=+=+=+=+=+=+=+=+=+=+=+=+=+=+=+=+=+=+=+=+=+=+=+=+
O labirinto de corredores nos levou enfim a outro galpão, ampla caverna subterrânea. A luz difusa não vinha de fontes artificiais, vinha do teto, como que permeável. E no entanto eu tinha certeza de que havíamos descido; devíamos estar abaixo do nível do chão.
O Grifo caminhava sobre duas pernas, as asas encolhidas; eu estava curioso; detido, mas nossos guardas pareciam até respeitosos. Quis até ensaiar um sorriso para uma loirinha ajeitada, de uniforme militar – teria eu um fraco por uniformes? Passávamos por estruturas metálicas incompreensíveis, em meio a tubulações que davam voltas e subiam para o teto altíssimo.
Súbito, uma mesa, um homem grisalho sentado diante dela, de óculos de aro fino sobre o nariz; olhou-nos sobre as lentes, com um esboço de sorriso: - Chegaram, afinal!
Havia duas cadeiras, sentamo-nos como se fosse o esperado. A escolta sumira em silêncio.
O homem usava uniforme, com galões e estrelas; magro, nos encarava com olhos grandes, com um quarto de sorriso, que aumentou quando começou a falar, encarando o Grifo inicialmente.
- Então são vocês. Têm idéia do que estão fazendo?
o que acontecerá com nossos heróis?
=+=+=+=+=+=+=+=+=+=+=+=+=+=+=+=+=+=+=+=+=+=+=+=+=+=+=+=+=+=+=+=+=+=+=+=+
Postado por
mvacker@gmail.com
às
23:59
1 de maio de 2010
ACTA EST FABULA
Não é estória da carochinha não. É o que vem por aí, a bordoada sobre o conteúdo distribuído livre e gratuitamente na internet - tudo o que ouvimos, os discos de antigamente que encontramos hoje, e que naquele tempo, do disco de vinil, era impossível encontrar... Não acredito que o ACTA, Tratado Comercial Anti Fasificação, seja bobagem, faz todo sentido. Cada vez mais são importantes, ou seja, valem muito tutu, os ativos intangíveis, marcas e conteúdos, os conceitos são comercializados todo dia.
Li em algum lugar, e já reproduzi aqui, que o show business é o setor mais importante da economia norte americana. Conceitos. Conteúdos. Bens intangíveis.
E então? Parece que, no caso de internet, miram o porrete no gargalo, no caso o provedor de acesso que tolera download de propriedade alheia.
Se eles gostam de marcas e slogans, eu conheço um bom: TODA PROPRIEDADE É ROUBO.
Postado por
mvacker@gmail.com
às
23:59
Assinar:
Postagens (Atom)